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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Quem é você, Alasca? John Green

Sim (poderia começar com um não, mas por que não começar assim: com um “Sim”, simples direto e positivamente mais otimista?). Às vezes, como agora, corro o risco de esquecer o que me motivou a começar a escrever, é uma ideia sobrepondo-se a outra, mas vou escrever para não a esquecer: “tenho n razões para acreditar no difícil, no remoto, no impossível”. Sim (de novo), sou um otimista inveterado e incorrigível (Thank God!). Acabo de terminar a leitura de “Looking for Alaska”, de John Green (em português, “Quem é você, Alasca?”, tradução que, como de hábito, já conta um pouco da história, herança portuguesa lamentável. Fazer o quê?). Gosto do mistério que envolve a escolha dos livros que leio. É quase como um pedido: “ei, você irá gostar da minha história!" Como se o livro me chamasse à leitura. “Coisa de doido!”, como alguém deixara escapar várias vezes. 

A trama da história de “Looking for Alaska” extrapola e surpreende. O que me atraiu no início era o tradicional romance: “garota bonita e inteligente X garoto estranho e interessante”. Motivado pela leitura de algumas passagens que li no Tumblr e no Facebook. Qualquer semelhança com minha visão de vida não é mera coincidência. Gosto das infinitas possibilidades que o cotidiano nos mostra de forma tão “labiríntica”. Ainda bem que a vida “é bem como ela é”, mesmo! (risos) Não fosse assim, acho que seria um eterno frustrado. Cada pessoa é um universo à parte. Muitas vezes ficamos horrorizados com o que ouvimos, ou com o que as pessoas (diferentes ou não muito diferentes de nós) fazem. Por mais fora do padrão que nossos comportamentos sejam, sempre achamos que os outros é que não são “normais”. 

Voltando ao livro. Além de romance adolescente para adolescente, o livro traz uma temática interessante e incomum: a predileção por “últimas palavras” de pessoas ilustres. Talvez os americanos não sejam nativos do planeta Terra. Mas, surpreendentemente, há inúmeros livros sobre isso. Por que alguém iria se interessar por “últimas palavras”? Por que alguém iria querer se “eternizar” dizendo algo para a posteridade, quando, nos momentos que antecedem a morte, o moribundo quer, sobretudo, sobreviver e não fazer “imagem”. Quem, em sã consciência, acha que os moribundos querem “ficar bem na foto”? Outro dia comentei que deve ser muito legal ter um pai músico que fizesse uma música maravilhosa em homenagem ao filho. Falava de “Jealous Guy”, de John Lennon. E, meu filho, com uma visão de outro ângulo e muito mais sensata que a minha, corrigindo-me: “prefiro um pai vivo a um pai morto”. Bem, e as tais "últimas palavras"? “Como faço para sair deste labirinto?” e “Saio em busca de um grande talvez”. 

Parece uma grande bobagem preocupar-se com as últimas palavras de um moribundo, porque, acaso estivéssemos no lugar dele, iríamos querer unicamente não estar naquela situação. Ao invés de querer gastar o último sopro com palavras, que poderão até sair incompreensíveis ou, obviamente, apressar a morte, mais sensato seria gastá-lo tentando respirar de novo, mais e melhor. As coisas muitas vezes nos fogem do controle e do seu rumo inicial, fogem do plano, quando o imprevisto afeta substancialmente o plano A, e é por isso que devemos analisar tanto as variáveis possíveis e prováveis, possibilitando planos B ou C. Ao tentar entrar no assunto das palavras e do silêncio, “prefiro as palavras mal ditas ao silêncio”. 

Ainda não sei o porquê, mas, ás vezes, chego a ter a impressão de morte, como se tivéssemos morrido, ou assassinássemos um ao outro ao dizermos goodbye, farewell, it’s over. O cérebro pode até interpretar racionalmente, mas, há momentos em que aquele algo mais se sobrepõe e, talvez fruto do coração saudoso e inconformado, dá sinais de sobrevida. Não, este “tipo” de morte não existe. Racionalizar o sentimento é uma das maiores insensatez que uma pessoa pode tentar fazer, mas o fazem com frequência. “Ela me ensinou tudo o que eu sabia sobre lagostins, beijos, vinho tinto e poesia. Ela me mudou” (p. 176) e a forte irresignação “Você não pode me mudar e depois ir embora.” E, muitas vezes, ao nos lembrar de algo, damo-nos conta da fragilidade do tempo, naquele local onde ele não tem o menor sentido, quando a presença fantasmagórica nos vem, como necessidade premente, e somos obrigados a parar e refletir, com os olhos vidrados e a mente a 17 mil quilômetros de distância: “Eu queria tanto me deitar ao lado dela, envolvê-la em meus braços e adormecer. Não queria transar, como nos filmes. Nem mesmo fazer amor. Só queria dormir com ela, no sentido mais inocente da palavra.” 

Por motivos que não interessam agora, há muitos anos não lia um autor estrangeiro. John Green (o mesmo de “A Culpa é das Estrelas”) é muito bom e excepcional em retórica. O livro poderia ser resumido em um terço do seu tamanho, mas se correria o risco de se perderem algumas das suas melhores passagens, que aparecem justamente nas pausas retóricas. Vale a pena se deixar levar por uma boa narrativa e personagens avessos (ou nem tanto) a nós. Adoro esta experiência extra-corpórea que a literatura nos oferece. E que bom que, ao concluirmos a leitura, já não somos mais os mesmos, apesar de estarmos na mesma casa, e talvez sentados na mesma poltrona do início da leitura. Agora que já li o livro, acho que, nas mãos de um bom diretor, até que daria um filme interessante, talvez até “Cult”, com boa trilha sonora e efeitos especiais. Não gosto de ler o livro depois do filme, pois há uma tendência a nos influenciarmos pela visão do diretor, o que não é legal. Eu particularmente não gosto. "Quem é você, Alaska?" é o meu segundo livro lido do ano. Estou devendo, mas o que importa mesmo é não parar. A seguir algumas passagens retiradas do site da escritora e blogueira Isabel Freitas, espero que ela não se importe. 

“Ela tinha namorado. Eu era um palerma. Ela era apaixonante. Eu era irremediavelmente sem graça. Ela era infinitamente fascinante. Então eu voltei para o meu quarto e desabei no beliche de baixo, pensando que, se as pessoas fossem chuva, eu seria garoa e ela, um furacão.”;

"Chega uma hora em que é preciso arrancar o Band-Aid. Dói, mas pelo menos acaba de uma vez e ficamos aliviados.";

 "Tantos de nós teríamos de conviver com coisas feitas e deixadas por fazer naquele dia. Coisas que terminaram mal, coisas que pareceram normais na hora, porque não tínhamos como prever o futuro. Se ao menos conseguíssemos enxergar a infinita cadeia de consequências que resultariam das nossas pequenas decisões. Mas só percebemos tarde demais, quando perceber é inútil.";

“Quando os adultos dizem: “Os adolescentes se acham invencíveis”, com aquele sorriso malicioso e idiota estampado na cara, eles não sabem quanto estão certos. Não devemos perder a esperança, pois jamais seremos irremediavelmente feridos. Pensamos que somos invencíveis porque realmente somos. Não nascemos, nem morremos. Como toda energia, nós simplesmente mudamos de forma, de tamanho e de manifestação. Os adultos se esquecem disso quando envelhecem. Ficam com medo de perder e de fracassar. Mas essa parte que é maior do que a soma das partes não tem começo e não tem fim, e, portanto, não pode falhar” ;

“Mas que diabos significa “instantâneo”? Nada é instantâneo. Arroz instantâneo leva cinco minutos, pudim instantâneo uma hora. Duvido que um instante de dor intensa pareça instantâneo.” ;

“Isso é o medo: Perdi uma coisa importante, não consigo achá-la, preciso dela. É o que a pessoa sentiria se perdesse os óculos, fosse até uma óptica e descobrisse que todos os óculos do mundo tinham se acabado e que, agora, ela teria de se virar sem eles.”;

“Eu queria ser seu último amor. Mas sabia que não era. Sabia e a odiava por isso. Eu a odiava por não se importar comigo. Eu a odiava por ter me deixado naquela noite. E odiava a mim mesmo por tê-la deixado ir embora, porque, se eu tivesse sido suficiente, ela não teria querido ir embora. Simplesmente teria se deitado comigo, conversado e chorado. E eu a teria ouvido e teria beijado as lágrimas que caíam dos seus olhos.”;

“Não sabia se podia confiar nela e já estava cansado de sua imprevisibilidade – fria num dia, meiga no outro; irresistivelmente sedutora num momento e insuportavelmente chata no outro.”;

“Vocês fumam para saborear. Eu fumo para morrer.”;

“Eu queria ser uma dessas pessoas que têm uma sequência a manter, que chamuscavam o chão com sua intensidade. Mas agora pelo menos, eu conhecia pessoas desse tipo, e elas precisavam de mim como um cometa precisa de uma cauda.”;

“O que significa ser uma pessoa? Como passamos a existir e o que será de nós quando deixarmos de existir? Em suma: quais são as regras deste jogo e qual é a melhor maneira de jogá-lo?”;

“Você não pode me mudar e depois ir embora.”;

“Não posso ser uma dessas pessoas que ficam sentadas falando que pretendem fazer isso e aquilo. Eu vou fazer e pronto. Imaginar o futuro é uma espécie de nostalgia.”;

“Eu queria tanto me deitar ao lado dela, envolvê-la em meus braços e adormecer. Não queria transar, como nos filmes. Nem mesmo fazer amor. Só queria dormir com ela, no sentido mais inocente da palavra.”.


sábado, 5 de fevereiro de 2011

Places. Cornelia Konrads


conny in actionCornelia Konrads
Born 1957 in Wuppertal/Germany.

Studies.
Philosophy and Culture-Science

Freelanced since 1998

Focus on site-specific installations and objects.
Comissioned permanent and temporary works for public spaces, sculpture parks and private gardens.

Participation in various sculpture- and Land Art projects in Germany, Netherlands, France, Belgium, Sweden, Italy, USA, Taiwan, South Korea and Australia .



"Places refer to all the locations assembled together in this book: the concrete locations at and for which the exterior installations were produced as well as the imaginary places typified by the books.
How does space become place? Through one’s own arrival and presence, however temporary. Also through leaving behind traces and signs, which create a connection to the next place.
As a rule, my works n the landscape are preceded - and followed - by a journey. In transit in unknown territory in search of the place and the form for a planned installation. I collect what lies on the edge of the path – stories, characters, materials and occurrences- until what I have collected at a certain place condenses into an inner image. This is followed by a building phase. During what is always a very intense stay, the place changes for me, as does the original picture had of it. When I leave a place, a constellation remains which for me is always inseparably bound to this place — but also with the journey that led me there.
Books enable setting out on every kind of journey imaginable within the narrowest of bounds. Initially, however, “language is driven out” of my books. An empty book leads everywhere and nowhere. It remains closed and at the same opens up an unfathomable, new space in which I am able to invent places through my arrangement of material. Thus in a certain way my books reflect my experience of searching and discovering in unknown landscapes.
My intention was to document the stations and results - often far apart – of this searching and discovering and assemble them together into an imaginary “map”.
I am above all grateful to the Landschaftsverband Hameln-Pyrmont, especially its chairman, Mr. Rüdiger Butte, that this could come about in the form of this book. (2007)
Cornelia Konrads - 1958

sábado, 29 de janeiro de 2011

O volume do silêncio. João Anzanello Carrascoza

Por Marcelo Moutinho (escritor e jornalista).

Não nasce da falta – caso de Fabiano, em "Vidas secas" -, tampouco da recusa à palavra – como Mersault, em "O estrangeiro" -, o silêncio a que João Anzanello Carrascoza faz alusão logo no título de seu novo livro. Os contos que integram o volume lançado pela Cosac Naify abrem uma terceira possibilidade, propondo um contraponto à algaravia do mundo em histórias sussurradas, cerzidas em fiapos de enredos que tratam de situações aparentemente banais: uma viagem de negócios do pai em companhia de seu filho, o encontro entre dois casais amigos, a visita de um irmão depois de muitos anos.

"O volume do silêncio" reúne narrativas publicadas originalmente em antologias e nos livros "Hotel Solidão" (1994), "O vaso azul" (1998), "Duas tardes" (2002), "Meu amigo João" (2003) e "Dias raros" (2004), além de um texto inédito. A seleção, feita por Nelson de Oliveira, permite um interessante vôo sobre a trajetória do autor, evidenciando o processo de depuração estilística a que se submeteu, ainda que de modo inconsciente.

É o próprio Nelson quem afirma, no posfácio, que "a linha que separa o sublime do kitsch é invisível e se move o tempo todo". Nos contos mais remotos, Carrascoza claramente ultrapassa tal linha. Isso acontece, por exemplo, em "Caçador de vidro" e "O vaso azul", nos quais os comentários do narrador soam excessivos e parecem querer reiterar aquilo que já foi insinuado. À medida que o leitor avança nas páginas do livro, contudo, pode notar com nitidez a evolução do domínio do autor sobre a própria escritura. Fiel a seus temas mais caros – as minúcias da vida cotidiana, a infância, a dor e as delícias do amadurecimento -, o texto de Carrascoza ganha em sobriedade e precisão: as metáforas tornam-se mais nuançadas, o volume do silêncio aumenta.

Então nos deparamos com pequenas preciosidades como "O menino e o pião", relato da espera de um garoto por seu pai, que culmina com a cena do velho a observá-lo, do corredor às escuras, enquanto brinca, sozinho. "O menino não cogita que um dia esse cordel se partirá. E, sem ele, o pião jamais será o que foi, como a roseira não é mais a semente que a gerou, nem o sol, a poeira que se aglutinou para formá-lo, círculo de luz, esplendor", anota o narrador, reproduzindo a espécie de elegia que o pai experimenta ali.

Essa conexão entre imagens externas e sentimentos interiores, marca do trabalho de Carrascoza, repete-se em "Chamada", diálogo salpicado de não-ditos entre a mãe doente e a filha que vai para a escola. A mãe, com "os olhos inchados de insônia, nos quais ainda se podia apanhar a noite, como uma moeda no fundo do bolso"; a filha, sentindo o peso de deixá-la ao informar que seguirá para a aula: "A mulher escutou como se a filha nada tivesse dito senão Vou para a escola, mamãe, e ignorasse que existiam outras palavras, agarradas aos pés dessas, esguichando silêncio".

Embora raramente invista-se na primeira pessoa, o narrador de Carrascoza parece ganhar os olhos dos personagens, tal a sua proximidade. É o que ocorre quando expõe as dúvidas do garoto que, em "Dias raros", retorna das férias na casa da avó. Ele sofrera com a obrigação de ir, mas se dilacera ainda mais ao ter de voltar, sem compreender como duas vontades tão díspares puderam brotar em tão breve intervalo: "Sempre uma ida às coisas e sua seqüente despedida. Na mesma hora que ganhava a vivência, nele ela se perdia. Sorte que vinha outra, a cicatrizar a alegria ou a abrir nova ferida, também logo substituída. E as pessoas nesse renovar-se, envelhecendo (...) com suas raízes sujas de terra, cavoucando seus mistérios, bem-querendo-se (...). E todas, todas, o tempo inteiro, indo embora".

São assim, plenos de alma num tempo de estridências ocas, os personagens de Carrascoza. Enxergam a poesia possível nos pequenos acontecimentos; buscam, como queria Calvino, o que não é inferno no meio do inferno. Ainda que essa exceção responda pela simples imagem da mata, que arrebata o menino de "Travessia". "A terra, seca ou gelada pela chuva, não dizia para ele senão terra; a árvore, pousasse ou não nela um pássaro, não dizia senão árvore; (...) as coisas anunciavam o que eram, e no entanto ele já sabia que, além de terra, árvore, folha, elas diziam somos o que somos". Num movimento análogo à literatura de Carrascoza, o garoto via "imensidão naquelas miudezas".

Resenha publicada no suplemento Prosa & Verso (O Globo)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Fiquei zangada. Nana Toledo


Impressionante. O livro? Também. Mas falo da artista Nana Toledo. Multiperformática. Nana é escritora, musicista, cantora, educadora, pedagoga, contadora de história, enfim, completa. Ufa! Conheci Nana Toledo na Semana Folia de Livros promovida pelo SESC de minha cidade. Foi uma experiência e tanto ver esta escritora-artista encantar e prender a atenção de dezenas de crianças e adultos. Por fim, comprei um dos seus muitos livros infantis e, claro, um dos seus cds de música para adultos.

Os livros infantis de Nana Toledo são fantásticos, capazes de prender a atenção de quem quer que seja. Criança ou adulto. Histórias engraçadas, educativas, com acabamento nota dez. Ilustradas pelo artista plástico Boris, numa impressão excelente. Em "Fiquei zangada",  a idéia é fazer com que a criança (acompanhada ou não por um adulto na leitura) possa refletir sobre vários sentimentos que só serão compreendidos inteiramente com a idade. 

Este é mais um dos livros da série "Casa dos Sentimentos" que ensinam crianças, e até adultos, "a entenderem sentimentos como a raiva, o medo, a saudade, a tristeza o amor e até como ser gentil com as pessoas ao nosso redor."

Visite o blogue da escritora: "Nana Toledo Fim de Tarde".

Outros livros da autora:




domingo, 17 de outubro de 2010

Contos da Palma da Mão. Yasunari Kawabata

Revistas de consultório médico, além de ótimas fontes de contaminação, pois doentes de toda sorte as manuseiam com asseio zero, também podem conter algumas dicas de leitura. E olha que era uma revista Veja (Urgh!), que alardeava no seu tradicional estilo irônico, mas desta vez positivamente, um lançamento de um livro de um prêmio Nobel de literatura, Yasunari Kawabata. Li, rapidamente, a breve resenha, depois lavei as mãos o quanto pude para não me contaminar. Bem, enfim, sobrevivi. Encomendei o livro e li. Sou fã de contos curtos e a experiência com Kawabata foi gratificante. Embora o suicídio para os ocidentais ainda seja algo ligado à doença psíquica e tachado como ato de fraqueza, não é visto da mesma forma pelos japoneses. E alguns críticos  ainda não conseguem desassociar a obra do autor.

E assim reportava a Veja: "o suicida Kawabata, Nobel de Literatura de 1968... Nascido em 1899 e morto em 1972, Kawabata de fato tentou, em sua obra, recuperar tradições japonesas ameaçadas pela influência ocidental do pós-guerra – seu romance Mil Tsurus é todo calcado na cerimônia do chá. O cultivo da tradição, porém, nunca o impediu de flertar com as vanguardas européias, em especial com o surrealismo. Contos da Palma da Mão traz 122 contos curtos (caberiam na palma da mão, daí o título da coletânea), que Kawabata produziu ao longo da carreira, entre um romance e outro – as datas de composição vão de 1923 a 1964. Alguns contos nostálgicos visitam a zona rural onde o autor passou parte da infância, mas também há incursões aos bairros mais boêmios e agitados de Tóquio. A descrição de sonhos ocupa uma parte importante da obra. O protagonista de Neve, um dos últimos contos, isola-se em um quarto de hotel para fantasiar paisagens hibernais. Apesar da brevidade das narrativas, esse é um livro para ser apreciado vagarosamente, com muita atenção para os subentendidos sexuais e as imagens líricas cinzeladas por Kawabata."

Mas foi no blogue "Café com Letras" que encontrei sintonia com o que li: "O livro reúne 122 breves contos escritos entre 1923 e 1964. As narrativas são concisas, encerrando um universo dramático em poucas páginas e abordando uma variedade grande de temas, através da observação do cotidiano, de palavras precisas e imagens fortes: morte, amor, infância, sensualidade, família e sonhos fazem parte desse repertório tratado sem sentimentalismo, divagações e muitas explicações. A imaginação do leitor fica, no entanto, impregnada de impressões e de uma atmosfera com o espírito poético da juventude do autor. O difícil trabalho de tradução dessa obra é realizado direto do japonês por Meiko Shimon, especialista na obra do autor. Yasunari Kawabata, um dos principais representantes da literatura japonesa do século XX, prêmio Nobel de 1968, esteve a frente do movimento de renovação que ocorreu nos anos 20 e 30, o shinkankakuha ou neo-sensorialismo, consolidando-se como clássico dessas narrativas curtas, pela obssessão com o mundo feminino, a sexualidade e a morte. "

 

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O Jogo das Contas de Vidro. Hermann Hesse


O Jogo das Contas de Vidro, de Hermann Hesse, é uma fábula sobre o jogo como utopia total. Para Hesse, “o Jogo das Contas de Vidro é um jogo que joga com todos os conteúdos e valores da nossa cultura, um pouco como nos tempos áureos das artes um pintor terá brincado com as cores da sua paleta”, como um órgão é tocado (em inglês, “jogado”) por um organista. Acrescentaríamos hoje: como um computador é jogado por um matemático.

Continua Hesse a sua descrição do “Jogo das Contas de Vidro”: “Uma partida podia, por exemplo, partir duma dada configuração astronômica, ou do tema duma fuga de Bach, ou duma frase de Leibniz ou dos Upanishads e, segundo a intenção ou o talento do jogador, prosseguir e desenvolver a ideia condutora por ela evocada ou enriquecer a expressão dessa mesma ideia com a evocação de ideias próximas. Se o principiante era capaz de estabelecer um paralelo, por meio dos símbolos do jogo, entre uma melodia clássica e a fórmula duma lei da Natureza, o conhecedor e o mestre conduziam a partida desde o tema inicial até combinações ilimitadas.

M. Eigen parte do Jogo das Contas de Vidro de Hesse (que é citado logo no início) para uma partida com o leitor, e acaba por estabelecer um paralelo entre as leis da natureza, que regulam o acaso, e as regras musicais, tanto clássicas, baseadas na harmonia, como modernas, exemplificadas nas séries de Schönberg.”

“Esses meninos que partiram tem para mim, apesar de tudo, alguma coisa de imponente, assim como o anjo rebelde Lúcifer tem certa grandiosidade. Talvez tenham feito uma coisa errada, podemos admitir que cometeram um erro, mas, seja como for, fizeram alguma coisa, realizaram algo, ousaram dar um salto e é preciso coragem para isso. Nós que fomos aplicados, pacientes e ajuizados, não fizemos nada, não demos salto algum.” Hermann Hesse.

A ação de “O Jogo das Contas de Vidro” se situa num tempo intencionalmente indefinido. Esta obra contém, é certo, uma crítica à nossa época. Mas em vão aí se procura a evoca-cão de uma técnica e de uma ordem social, econômica ou bio­lógica novas. Aos olhos de Her­mann Hesse, devem-se aos pro­gressos técnicos as duas guer­ras mundiais, assim como o de­senvolvimento dos valores es­pirituais que caracterizam nos­so século.

O plano deste livro é dialéti­co. Baseia-se num raciocínio que poderia ser resumido nos seguintes termos: se é verdade que a causa do trágico erro da civilização moderna é aglome­ração, no espírito humano, de noções heterogêneas e a fasci­nação pelo poder tecnológico limítrofe ao milagre, o que su­cederia se, ao contrário, a ci­ência, o sentido do belo e do bem se fundissem num con­certo harmonioso. O humanismo assim expres­so não seria nem o do homo faber nem o do homo sapiens."
Hermann Hesse (1877-1962)

domingo, 12 de setembro de 2010

Assim Falou Zaratustra. Friedrich Nietzsche

Título também conhecido como "Assim falava Zaratustra", mas se trata do mesmo livro.


Bem do tipo: "Decifra-me se fores capaz!". "Assim Falou Zaratustra" é um livro desafiador. Para quem tem realmente "coragem" para abrir um livro e ler. O medo e a frustração nos acompanham a cada linha lida. Assombra-nos a decepção da nossa limitação interpretativa. Nietzsche já foi hostilizado e continua incompreendido até hoje. Foi até, equivocadamente, tachado de inspirador do nazismo, quando, na verdade, foi é mal interpretado. Para quem leu e ficou meio abestalhado (como eu!), vai a seguir uma pequena ajuda, do site Schvoong.com:

"O livro Assim Falou Zaratustra marca o momento positivo da filosofia de Nietzsche, a chamada filosofia do meio-dia. Dividido em quatro livros, (escritos cada um deles em 10 dias como diz o autor, em 4 anos diferentes), não é uma filosofia sistemática. Inaugura enquanto linguagem nestes escritos, o aforismo e o poema, coisa que não era própria da filosofia no século XIX, o que torna suas idéias de difícil compreensão, por permitirem várias interpretações. Afinal, é isso que ele acha que é a filosofia, interpretar e avaliar a realidade e não a busca de uma verdade absoluta, que não existe.

No primeiro livro do Zaratustra anuncia a morte de Deus e o supra-homem (Übersmensch). Diz que “o homem é uma corda atada entre o animal e o supra-homem ”, algo a ser superado.

Com a morte de Deus, o homem se vê criador de valores e assim abandona todo “tu deves” para dizer “eu quero” e se afirmar enquanto criador . Seguem-se diversas parábolas, indicando o homem como algo a ser superado. Zaratustra sai atrás de companheiros. Termina o livro despedindo-se de seus discípulos e pedindo para que eles até mesmo reneguem Zaratustra, pois ele pode ser um enganador. Quem quiser seguir Zaratustra deve seguir a si mesmo e só assim poderá ser companheiro de Zaratustra. 

No segundo livro, desce novamente a montanha porque sua doutrina está sendo corrompida. Volta para ensinar o amor fati , como afirmação da vida e do sentido da Terra . Afirmar todas as alegrias e sofrimentos como parte da vida, como a própria vida, sem nenhuma recompensa a posteriori. A vida é aqui e agora

Nada mais que isso. Querer qualquer coisa depois da vida é querer o nada. Na vida, tudo é transitório, nada é fixo. Ataca os sacerdotes como envenenadores da vida, que dizem ser aqui um vale de lágrimas e a recompensa vem depois da vida, esses caluniadores do espírito são os inimigos de Zaratustra e atrasam a vinda do supra-homem. Zaratustra vem ensinar que o homem deve vencer a si mesmo e que este combate não tem fim nem descanso. Por isso o homem fraco se desespera com a vida e busca sempre um porto fixo onde possa fingir que a vida é outra coisa e se livrar do desespero.

No terceiro livro, descreve sua doutrina do eterno retorno de todas as coisas. O tempo, nessa concepção, é um anel perfeito. Sem inicio nem fim, é uma estrada que só pode ser conhecida no portal do instante. Deste portal segue uma estrada infinita para trás e para frente, sendo o instante o ponto onde as duas estradas se encontram. Assim todas as coisas já aconteceram e irão acontecer novamente numa repetição infinita. Este eterno retorno é o mais pesado dos pesos. E Zaratustra é, antes de tudo, "o mestre do eterno retorno". 

Apresenta-o, por um lado, como assustador quando não mortífero e, por outro, como libertador, como a "fórmula suprema da afirmação". A existência, tal como é, sem sentido ou alvo, mas retornando inevitavelmente, sem um final no nada: 'o eterno retorno' . É a forma mais extrema do niilismo: o nada (o 'sem-sentido') eterno!

"Retornarei com este sol, com esta terra, com esta águia, com esta serpente – não para uma vida nova ou uma vida melhor ou uma vida semelhante – Retornarei eternamente para esta mesma e idêntica vida, nas coisas maiores e também nas menores, para ensinar outra vez o eterno retorno de todas as coisas – para dizer outra vez a palavra do grande meio-dia da terra e do homem, para anunciar outra vez aos homens o supra-homem. Disse a minha palavra, despedaço-me por causa dela: assim o quer a minha eterna sina –, como anunciador pereço! Chegou a hora em que aquele que declina abençoa a si mesmo. Assim – termina o declínio de Zaratustra".

No quarto e último livro é a vez dos homens superiores irem à montanha atrás de Zaratustra, o adivinho, os reis, o consciencioso, o encantador, o último papa, o assassino de Deus, o mendigo voluntário, e a sua sombra. Todos os que perderam o sentido da vida, a procura de novo sentido, a grande esperança. 

Zaratustra os encontra pela montanha e lhes oferece abrigo em sua caverna (clara alusão a Platão), junto a seus animais, a serpente e a águia (representando o conhecimento e o orgulho, respectivamente). Mas os homens superiores não estavam preparados para o novo sentido e buscam o que adorar no lugar do Deus morto. E começam a adorar o jumento como encarnação da doutrina de Zaratustra, pois o jumento sempre diz: IA! (em alemão: sim!) .

Zaratustra os chama de volta à consciência. Os homens superiores estão longe de serem aquele que Zaratustra veio anunciar! Mas também descobriram satisfação com um instante que valeu a vida inteira. “Era isto a vida? – direi à morte. – pois bem: repita-se!”. Com Zaratustra festejaram e embriagaram-se e, na manhã seguinte, eis que surge o leão que acaricia Zaratustra e põem em fuga os homens superiores . 

É o leão do “eu quero” que enche Zaratustra de alegria como que anunciando que o supra-homem está próximo, mas desperta o medo em todos os homens superiores . Medo da vontade livre que tudo quer e que sabe que deve destruir o velho para que o novo seja criado.

Assim falava Zaratustra..."

Fonte: Filozefia.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Para ler literatura como um professor. Thomas C. Foster

Ficha Técnica
Título: Para ler literatura como professor
Autor: Tom C. Foster
Tradução: Frederico Dantello
Formato: 15 X 22,8 cm
Capa dura
Nº de páginas: 272
Preço: R$27,90 no Site Submarino.

Embora eu ainda esteja lendo o livro, nada melhor do que  já postar a recomendação de leitura. Um livro para quem adora ler e quer ampliar horizontes, e também para professores de qualquer área. A seguir uma resenha ótima sobre o livro, publicada no Jornal do Brasil:


Para ler literatura como um professor”: um guia que ensina a ler nas entrelinhas

18/05/2010  - Lua de Papel lança “Para ler literatura como um professor”, um guia que ensina a ler nas entrelinhas


Ao ler um livro, “basicamente, todos lemos a mesma história, mas não usamos o mesmo aparato analítico”. É dessa premissa que parte Thomas C. Foster, autor de “Para ler literatura como um professor”, publicado pela editora Lua de Papel.  Quem já assistiu a uma aula de literatura sabe o que o autor está falando: não raro o professor expõe significados e críticas interpretativasde um texto  que os alunos sequer suspeitaram. 

Com o a intenção de melhorar a percepção do leitor para a riqueza que reside nas  entrelinhas, Foster afirma que deve-se treinar a “linguagem de leitura”, para que o leitor aprecie e aproveite ao máximo os códigos e padrões presentes nos textos. Na  abertura de cada capítulo, Foster comenta quais os autores a serem interpretados e os contextualiza, o que facilita a compreensão de cada ponto abordado.

Tipos de personagens, ritmos de enredo e composição de capítulos fazem parte da estrutura que o autor cuidadosamente ensina a observar com uma nova visão. A partir das dicas literárias encontradas no livro, podemos compreender de forma muito mais ampla e clara as simbologias de cada personagem, de cada objeto e de cada atitude.  E para facilitar a compreensão, usa da melhor forma o material que tem a sua disposição: as próprias obras literárias.
Da fantástica história de “Fausto”, do escritor alemão Goethe, passando por “Édipo Rei”, de Sófocles, até algumas linhas simples criadas pelo próprio autor para exemplificar as narrativas, Foster vai, ponto a ponto, dissecando e indicando as ações que constroem as entrelinhas de cada história.

Aproveitando todo o vampirismo que tem dominado a cabeça dos jovens do mundo inteiro, o autor usa o enredo das principais obras sobre o tema para demonstrar que o vampirismo não trata somente de vampiros, mas de coisas como egoísmo, luxúria e tabus da sociedade. Uma frase do autor resume sua perpectiva: “fantasmas e vampiros nunca são apenas fantasmas e vampiros”. 

Foster afirma que os estudiosos profissionais de literatura aprendem a absorver os detalhes de primeiro plano, enquanto enxergam os padrões que os detalhes revelam.  Ensinar a enxergar os detalhes dos livros é o que Foster propõe como exercício. Por isso recomenda muita leitura, de suas dicas. Com elas, , o segredo das entrelinhas se abrirá para o leitor interessado em descobrir as muitas possibilidades e nuances presentes nos textos.

O autor

Tom C. Foster é professor de Inglês da Universidade de Michigan, EUA, onde dá aulas de ficção contemporânea, drama e poesia, bem como de escrita criativa e composição. Da observação e do interesse dos próprios alunos decidiu escrever algo que pudesse atender a leitores em geral, de modo a oferecer informação realmente útil sobre como se transformar num leitor superior. Escreveu diversos livros sobre literatura e poesia britânicas e irlandesas do século XX. Atualmente, vive em East Lansing, Michigan, EUA.


Sobre a Lua de Papel


A editora Lua de Papel é uma das mais importantes do grupo LeYa – formado por 18 editoras em Portugal e que acaba de ser fundada no Brasil. Seguindo o caminho da matriz e com o objetivo de criar uma identidade própria e firmar-se como uma das grandes editoras no país, a editora Lua de Papel tem como Publisher, Pedro Almeida, e conta com uma equipe própria de editorial, marketing e comercial.

Fonte:Belém Com

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Ulisses. James Joyce

Um desafio: ler "Ulisses", de James Joyce.

"Ulysses é um épico do século XX.

Um dia na vida de Leopold Bloom. Exteriormente, um homem comum, um bom pai de família, um marido dedicado; interiormente, um turbilhão de pensamentos e sentimentos. Joyce recria a saga do legendário herói grego Odisseu (Ulisses no seu correspondente latino) na sua tentativa de voltar para casa. Bloom é Ulisses; sua casa, Ítaca; sua esposa, Penélope.


No entanto, os valores são invertidos. Leopold não é nenhum herói do sentido exato da palavra; ele vaga pelas ruas de sua cidade como faz todos os dias. Em dezoito capítulos, ele revive, do seu modo, as peripécias da "Odisséia". Ele enfrenta os Cíclopes da ignorância, a tentação da calcinha da adolescente Nausícaa e a magia e sedução de Circe, representada por um animado prostíbulo.

Repleto de elementos autobiográficos, o próprio Leopold pode ser identificado com o Joyce maduro, enquanto que Stephen Dedalus (a mesma personagem de "O Retrato do Artista Quando Jovem) com o impetuoso e prepotende Joyce da juventude.

Considerado por alguns críticos como a obra mais importante do século XX, "Ulysses" é um monumento dos tempos modernos. Nela estão presentes todos os elementos, agradáveis ou insossos, deste século entremeado por duas grandes guerras - o antisemitismo, a erotização, o racionalismo cientificista, o adultério, as falsidade das relações sociais.

Para muitos, lê-la não é uma tarefa fácil, mas é certamente recompensadora.


7 comentários:


Anônimo disse...
Não li Ulisses...E não sei se conseguiria.Já fui muito interessado nesse tipo de mitologia, e até hoje dou o crédito aos contos gregos (e todos os outros similares) pelo fato de terem me inserido no lindo mundo da literatura... Mas quem sou eu pra dizer alguma coisa! adendo: ... Não entendi n-a-d-a do seu sistema de comentários! =) enfim, meu nome é Fábio, e o meu blog é o http://epistle.blogger.com.br/ ... Não repare, sou lerdo mesmo pra entender as coisas.

Anônimo disse...
Passasndo apra conferir (venho lá do Espancadores de Teclado). Seu comentário ao Ulisses é bom e tem o dom de despertar a curiosidade par alguém lê-lo, apesar de ter dito a verdade de que é uma leitura difícil. Uma braço, Alvaro. (http://sombrasesonhos.zip.net)

Henry Alfred disse...
Obrigado por seus comentários, Álvaro e Fábio. Devo confessar que eu também não entendi muito bem este sistema de comentários, já que estou utilizando o que o Blogger fornece. Mas quem estiver na dúvida, basta clicar em "Post Anonymously" e se identificar no final da mensagem (se quiser). Abraços para todos.

Raphael disse...
Olá, sou o Raphael, e estou na metade do livro. Concordo com o professor no que diz respeito a seus pensamentos confusos. Ainda assim, tenho muita dificuldade em lê-lo. Na verdade estou consultando quase que diariamente postagens, críticas e artigos na internet para compreender melhor a obra. Entratanto, toda essa complexidade incita-me a ler mais e mais Ulisses. Se alguém puder explicar mais coisas sobre a obra, agradeço, pois consultarei concerteza e me ajudará a entender melhor esse maravilhoso livro.

wellington disse...
Desde pequeno, sempre observava comentários acerca desta obra, de como ela é linda, em sua narrativa, mas outrossim, ouvia comentários acerca de suas dificuldades em lê-lo, no entanto, observando seus comentários, algo me fez despertar, de que a minha inércia, está me trazendo prejuizo no que concerne a apreciar uma grande obra.

Paulo Marques disse...
James Joyce é um gênio. Um divisor de águas na literatura. Paripasso a Guimaraes Rosa. Não se traduz uma alma.

Samuel Nebkheperure disse...
Ulisses, seja lá em que má tradução for, ainda não sei inglês pra ler o texto original, configura meu sonho de consumo literário. Muito já li a respeito da famigerada obra do irlandês James Joyce, e devo acrescentar que essa apresentação acima foi a mais animadora a respeito do texto, e não vejo a hora de pôr minhas mãos no livro pra desfragmentá-lo através de meu simplório intelecto de leitor curioso e voraz. Consoante tudo que já li a respeito de Ulysses acredito que sua leitura é uma verdadeira odisséia e se Joyce não escreveu com esse intuito em mente acabou por fixá-lo na obra casualmente. "
James Joyce

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O Mundo de Sofia. Jostein Gaarder

Por Caio Caprioli 

"Comecei, há um tempão, a ler “O Mundo de Sofia“, escrito por Jostein Gaarder e publicado em 1991. Comecei a ler pelos seguintes motivos: o livro era superconhecido e eu não tinha noção do que se tratava. Acreditava que era algo sobre um mundo imaginário que Sofia vivia, ou até a forma com que a personagem encarava a vida. Errei.

O Mundo de Sofia é um livro disfarçado de literatura. Na verdade, trata-se de uma obra didática. O autor criou uma história baseada em uma menina prestes a fazer 15 anos de idade para dar aulas de filosofia. Para ensinar, literalmente, a criação, expansão, desenvolvimento e situação da filosofia. O livro começa com uma novela agradabilíssima, onde toda uma trama envolvendo Sofia e a sua caixa de correios nasce e se desenvolve, evolui. O começo é ótimo. Até que eu me senti na escola.

O filósofo misterioso começa a dar aulas da história da filosofia para a garota, que se torna fã da disciplina, deixando, ao final de cada ensinamento, pequenas lições de casa para Sofia. A forma como as aulas são escritas é ótima, porque o autor conseguiu, de um jeito legal e leve, escrever todo o desenvolvimento da filosofia no mundo. O problema é que a filosofia é complexa, é grande e é cansativa. Sócrates aparece, Platão aparece e todo o resto aparece. Daí… Eu tive que pular as aulas e ler só a trama. Não aguentei. Não consegui terminar.

Se você gosta de filosofia, do fundo do coração, leia “O Mundo de Sofia”. Caso contrário… Compre outra coisa."

Comentários do blog de origen:
  1. Giika Borges disse:
    Nossa, eu tentei também. Três vezes. Quando acabar os que estou lendo, vou parti pra ele de novo, não tenho muita certeza que vou conseguir D:
  2. Vanessa Olyver disse:
    rsrsrs… curioso… tbm gosto da trama, comecei a ler pelos mesmos motivos que os teus…rs mas enfim a coisa fica mais complicada e pra nao dizer chata e sem fundamento o aparecimento do filosofos… ja estou com ele a tres anos comecei a ler umas vinte vezes mas em nenhuma delas tive saco pra continuar…rs
    Bom enfim…
    gostei mto do blog… foi a primeira vez que passei por aqui… mas virei mais vezes com certeza…
    Abraços e parabens…


    Mariana disse...
    kkkkkkkkkk Realmente é cansativo, mas eu estou adorando! Apesar de ainda não fazer filosofia (8ª série) já amo a matéria. Eu ainda não estou no final do livro, mas já passei da metade. Na verdade já faz um ano que leio esse livro. Mas não vou desistir. kkkkkkkkkk tchau Adorei o blog! Também fiz um post sobre O Mundo de Sofia no meu blog: http://toalha-de-banho.blogspot.com/
    Gleicy Souza disse...
    Adorei o blog, e como amante de livros estarei sempre por aqui. Estou lendo "O Mundo de Sofia" e garanto, se conseguirem superar essa parte "chata" terão uma grata surpresa, e além disso, toda a parte chata fará sentido. Não desistam, valerá a pena!!
    JANDELZA disse...
    Já li o livro é muito bom,tbém não entendi nada no começo tive que voltar umas três vezes no inicio mas o li duas vez durante seis meses tentem realmente vale pena.
    Anônimo disse...
    Estou lendo esse livro e estou adorando! Na verdade essa é a segunda vez que leio. E, apesar da disciplina de filosofia ser, aparentemente, cansativa, é muito bom entende-la. Falo isso porque estudo Filosofia na UFRN. Abraço à todos!

    Assista ao filme: "O Mundo de Sofia" (1999)