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domingo, 12 de setembro de 2010

Assim Falou Zaratustra. Friedrich Nietzsche

Título também conhecido como "Assim falava Zaratustra", mas se trata do mesmo livro.


Bem do tipo: "Decifra-me se fores capaz!". "Assim Falou Zaratustra" é um livro desafiador. Para quem tem realmente "coragem" para abrir um livro e ler. O medo e a frustração nos acompanham a cada linha lida. Assombra-nos a decepção da nossa limitação interpretativa. Nietzsche já foi hostilizado e continua incompreendido até hoje. Foi até, equivocadamente, tachado de inspirador do nazismo, quando, na verdade, foi é mal interpretado. Para quem leu e ficou meio abestalhado (como eu!), vai a seguir uma pequena ajuda, do site Schvoong.com:

"O livro Assim Falou Zaratustra marca o momento positivo da filosofia de Nietzsche, a chamada filosofia do meio-dia. Dividido em quatro livros, (escritos cada um deles em 10 dias como diz o autor, em 4 anos diferentes), não é uma filosofia sistemática. Inaugura enquanto linguagem nestes escritos, o aforismo e o poema, coisa que não era própria da filosofia no século XIX, o que torna suas idéias de difícil compreensão, por permitirem várias interpretações. Afinal, é isso que ele acha que é a filosofia, interpretar e avaliar a realidade e não a busca de uma verdade absoluta, que não existe.

No primeiro livro do Zaratustra anuncia a morte de Deus e o supra-homem (Übersmensch). Diz que “o homem é uma corda atada entre o animal e o supra-homem ”, algo a ser superado.

Com a morte de Deus, o homem se vê criador de valores e assim abandona todo “tu deves” para dizer “eu quero” e se afirmar enquanto criador . Seguem-se diversas parábolas, indicando o homem como algo a ser superado. Zaratustra sai atrás de companheiros. Termina o livro despedindo-se de seus discípulos e pedindo para que eles até mesmo reneguem Zaratustra, pois ele pode ser um enganador. Quem quiser seguir Zaratustra deve seguir a si mesmo e só assim poderá ser companheiro de Zaratustra. 

No segundo livro, desce novamente a montanha porque sua doutrina está sendo corrompida. Volta para ensinar o amor fati , como afirmação da vida e do sentido da Terra . Afirmar todas as alegrias e sofrimentos como parte da vida, como a própria vida, sem nenhuma recompensa a posteriori. A vida é aqui e agora

Nada mais que isso. Querer qualquer coisa depois da vida é querer o nada. Na vida, tudo é transitório, nada é fixo. Ataca os sacerdotes como envenenadores da vida, que dizem ser aqui um vale de lágrimas e a recompensa vem depois da vida, esses caluniadores do espírito são os inimigos de Zaratustra e atrasam a vinda do supra-homem. Zaratustra vem ensinar que o homem deve vencer a si mesmo e que este combate não tem fim nem descanso. Por isso o homem fraco se desespera com a vida e busca sempre um porto fixo onde possa fingir que a vida é outra coisa e se livrar do desespero.

No terceiro livro, descreve sua doutrina do eterno retorno de todas as coisas. O tempo, nessa concepção, é um anel perfeito. Sem inicio nem fim, é uma estrada que só pode ser conhecida no portal do instante. Deste portal segue uma estrada infinita para trás e para frente, sendo o instante o ponto onde as duas estradas se encontram. Assim todas as coisas já aconteceram e irão acontecer novamente numa repetição infinita. Este eterno retorno é o mais pesado dos pesos. E Zaratustra é, antes de tudo, "o mestre do eterno retorno". 

Apresenta-o, por um lado, como assustador quando não mortífero e, por outro, como libertador, como a "fórmula suprema da afirmação". A existência, tal como é, sem sentido ou alvo, mas retornando inevitavelmente, sem um final no nada: 'o eterno retorno' . É a forma mais extrema do niilismo: o nada (o 'sem-sentido') eterno!

"Retornarei com este sol, com esta terra, com esta águia, com esta serpente – não para uma vida nova ou uma vida melhor ou uma vida semelhante – Retornarei eternamente para esta mesma e idêntica vida, nas coisas maiores e também nas menores, para ensinar outra vez o eterno retorno de todas as coisas – para dizer outra vez a palavra do grande meio-dia da terra e do homem, para anunciar outra vez aos homens o supra-homem. Disse a minha palavra, despedaço-me por causa dela: assim o quer a minha eterna sina –, como anunciador pereço! Chegou a hora em que aquele que declina abençoa a si mesmo. Assim – termina o declínio de Zaratustra".

No quarto e último livro é a vez dos homens superiores irem à montanha atrás de Zaratustra, o adivinho, os reis, o consciencioso, o encantador, o último papa, o assassino de Deus, o mendigo voluntário, e a sua sombra. Todos os que perderam o sentido da vida, a procura de novo sentido, a grande esperança. 

Zaratustra os encontra pela montanha e lhes oferece abrigo em sua caverna (clara alusão a Platão), junto a seus animais, a serpente e a águia (representando o conhecimento e o orgulho, respectivamente). Mas os homens superiores não estavam preparados para o novo sentido e buscam o que adorar no lugar do Deus morto. E começam a adorar o jumento como encarnação da doutrina de Zaratustra, pois o jumento sempre diz: IA! (em alemão: sim!) .

Zaratustra os chama de volta à consciência. Os homens superiores estão longe de serem aquele que Zaratustra veio anunciar! Mas também descobriram satisfação com um instante que valeu a vida inteira. “Era isto a vida? – direi à morte. – pois bem: repita-se!”. Com Zaratustra festejaram e embriagaram-se e, na manhã seguinte, eis que surge o leão que acaricia Zaratustra e põem em fuga os homens superiores . 

É o leão do “eu quero” que enche Zaratustra de alegria como que anunciando que o supra-homem está próximo, mas desperta o medo em todos os homens superiores . Medo da vontade livre que tudo quer e que sabe que deve destruir o velho para que o novo seja criado.

Assim falava Zaratustra..."

Fonte: Filozefia.