“Já resgatei princesas de reis
adormecidos em sepulcros. Incendiei a cidade de Trebon. Passei a noite com
Feluriana e saí com minha sanidade e minha vida. Fui expulso da Universidade
com menos idade do que a maioria das pessoas consegue ingressar. Caminhei à luz
do luar por trilhas de que outros temem falar durante o dia. Conversei com
deuses, amei mulheres e escrevi canções que fazem os menestréis chorarem. Vocês
devem ter ouvido falar de mim.”
Demorei semanas para escrever essa resenha. Simplesmente não conseguia
escolher que palavras usar para mostrar o quão fantástico é O Nome do Vento. Tal obra irá deleitar
qualquer fã da literatura fantástica e claro, também aqueles que não o
são. Patrick Rothfuss criou um novo e belíssimo mundo
fantástico, com novos idiomas, seu próprio sistema monetário e povoado por
mitos e seres fabulosos, onde nenhum é tão interessante quando o próprio
protagonista da obra.
“Meu primeiro mentor se chamava de
E’lir, porque eu era inteligente e sabia disso. Minha primeira amada de verdade
me chamava de Duleitor, porque gostava desse som. Já fui chamado de Umbroso,
Dedo-Leve e Seis-Cordas. Fui chamado de Kvothe, o Arcano; e Kvothe, o Matador
do Rei. Mereci esses nomes. Comprei e paguei por eles."
Kvothe, esse é o seu verdadeiro nome, mas apenas um dos muitos pelos
quais ele ficou conhecido. Aos poucos a vida do personagem vai sendo revelada,
a partir de sua infância junto com seus pais em uma trupe itinerante, chamada
os Edena Ruh. E é ao conhecermos sua infância que entendemos o motivo do “mito
Kvothe” nascer. Tudo começa com o encontro de sua trupe com um misterioso e
perigoso grupo, que até então era considerado apenas como mais uma lenda, uma
história para assustar crianças. Tudo começa no encontro de Kvothe com o
Chandriano.
Tentei adiantar o mínimo possível sobre o enredo do livro, pois como
aconteceu comigo quero que vocês possam descobrir todos os detalhes sozinhos e
se surpreender com eles. O Nome do Vento não é um livro para ser devorado, que
se possa ler em um ou dois dias, mas é um livro que deve ser apreciado, por
vezes estudado.
Por diversos momentos cheguei a me emocionar com a estória de Kvothe,
que apesar de incrível também é triste. A narrativa adotada por Patrick é
bastante descritiva, mas o modo como a autor decidiu empregá-la torna
impossível que o leitor se canse com a mesma. O mundo criado por ele é
fantástico, único e incrivelmente interessante, assim como Kvothe, um dos
personagens mais fantásticos da literatura que tive o prazer de conhecer.
Não poderia deixar de citar o incrível trabalho feito pela Editora
Sextante (Após um acordo entre Sextante e Arqueiro o livro passou
a pertencer a segunda editora.) na capa e diagramação do livro.
Começo falando sobre a lindíssima capa pelo artista Marc Simonetti,
o mesmo artista responsável pelas capas da série As Crônicas de Gelo e
Fogo no Brasil. E a diagramação que, apesar de simples, cai como uma
luva para o livro, com suas páginas amareladas e a separação entre os
capítulos. Aproveito para destacar também a ótima tradução de Vera
Ribeiro.
O Nome do Vento é o primeiro livro da trilogia A Crônica do Matador do Rei, e serve apenas como um aperitivo do que estar por vir. Ao terminar de ler a obra, completamente maravilhado, tive certeza de uma coisa. Esse livro serve apenas como uma introdução para uma estória muito maior é fantástica que, sem dúvida, encontraremos nos outros dois volumes da série.
Patrick Rothfuss |
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