"Preparativos de Viagem", de Mário Quintana, é, como em todas as suas produções, um livro de conteúdo amplo e sempre encantador. Repleto de textos para os críticos literários quebrarem cabeça e, em vão, tentarem enquadrar n'algum tecnicismo histórico-estilístico, poesia, prosa poética, junção ideogramática, epigramas. Mas, para um leitor de bom gosto, que aprecia uma boa literatura, Quintana é leitura obrigatória, incomparável, sem igual.
"A saudade é o que faz as coisas pararem/ no Tempo."
"Sempre que chove/ Tudo faz tanto tempo.../ E qualquer poema que acaso eu escreva/ Vem sempre datado de 1779!"
"Coração que bate-bate,/ Antes deixes de bater!/ Só num relógio é que as horas/ Vão passando sem sofrer..."
"A recordação é uma cadeira de balanço/ embalando sozinha..."
Esses são apenas alguns dos “textos” do poeta gaúcho, em "Preparativos de Viagem". Mário Quintana vai da poesia formal, com seus sonetos métricos e rimados, para o poema livre tão naturalmente que o leitor sequer percebe, encantado pelo teor das mensagens, lendo apenas a arte da poesia pura, da essência poética, sem aqueles desnecessários rótulos.
Os leitores gaúchos, quando querem se referir a Mário Quintana, chamam-no de "O Poeta". Sem qualquer "bairrismo", seja qual for a naturalidade do leitor, só quem lê Quintana pode entender as razões dos gaúchos e tirar suas próprias conclusões.
Mário Quintana nunca foi membro da Academia Brasileira de Letras, e, em sua única disputa para fazer parte dos imortais, foi preterido por razões (como sempre) meramente políticas.
Resenha publicada no extinto site www.leialivro.sp.gov.br
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