A rotina do cotidiano, com sua aparente normalidade, é posta em questionamento nos 12 contos que formam essa coletânea do renomado escritor paulista. Ignácio de Loyola Brandão possui uma extrema facilidade em envolver o leitor em narrativas com situações inusitadas, onde o recurso do fantástico surge como uma válvula de escape, induzindo-nos na absorção do assombro como normalidade. Muito além da surpresa e do inesperado, o realismo mágico dos contos de Loyola Brandão direciona o leitor a uma visão mais crítica da sufocante realidade que nos cerca.
Qual a reação da sociedade diante de um homem com um furo na mão? Pode um homem sacrificar seus próprios filhos? E como reage uma menina ao encontrar um homem pequenino na torneira do banheiro? Em contos com situações como essas, onde predominam o surpreendente e o insólito, o leitor se depara com uma realidade, que apesar de estranha e chocante, não é muito diferente do nosso dia a dia.
Um autor premiado internacionalmente, Ignácio de Loyola Brandão começou a escrever desde jovem, mas foi sua atividade como jornalista que lhe deu segurança, facilidade e estrutura para a literatura. Leitor voraz desde criança, diz que hoje gosta de ler de tudo um pouco, lendo e assimilando o bom e eliminando o mau.
Sobre o ato de escrever, o autor diz que "o escritor deve retratar seu tempo, apontar os furúnculos, tumores e alegrias. E, também, oferecer divertimento, distração."
Os contos dessa coletânea foram retirados dos seguintes livros: "Cadeiras Proibidas" (1979); "Dentes ao sol" (1976); "Pega ele, Silêncio." (1969); e "Cabeças de segunda-feira." (1983).
Resenha publicada no extinto site www.leialivro.sp.gov.br