terça-feira, 27 de outubro de 2009
Oculta - Uma sentença masculina. Eliana de Freitas
Em seu romance de estréia, Eliana de Freitas nos apresenta uma história de mistério, a meu ver, atual e contemporânea, cujo erotismo presente, às vezes sensual e romântico, e, em outras, exacerbado e cru, se faz necessário, obrigatoriamente, para o desenrolar da trama. É claro que não faltam outros ingredientes básicos para uma história muito bem contada, como amor, paixão, conflitos, aventura e muita ação. Num ambiente bem brasileiro, alternando-se entre as cidades de São Paulo, Brasília e Manaus, o romance expõe o relacionamento estranho e confuso, possível, mas não comum, entre Torquato Nanini, um jornalista, e Hanna Satierfiewski, uma socióloga.
De forma leve, fluida e moderna, rica em pontos que nos prendem ao presente, ao dia-a-dia de grandes centros urbanos, como “internet”, salas de bate-papo, e casas de “swing”, a narrativa de “Oculta”, embora comece sendo apresentada em terceira pessoa, transcorre predominantemente em primeira pessoa, sob a ótica de um só personagem, o protagonista Torquato Nanini. E como é característico desse tipo de narrativa, a história se mostra um pouco tendenciosa e bastante comprometida, levando o leitor a testemunhar e crer em apenas um ponto de vista da trama. Portanto, a leitura de “Oculta – Uma sentença masculina” requer do leitor não só muita atenção, mas também um certo cuidado, equilíbrio e precaução. Todavia, é, com certeza, uma leitura capaz de não deixar leitores insatisfeitos, muito menos aos curiosos e mais perceptivos ao novo e ousado.
O leitor desatento, em narrativas em primeira pessoa, é comumente levado a fazer conclusões que podem estar totalmente equivocadas. A “sentença masculina” nos é apresentada através do protagonista, o qual nos induz a uma conclusão, que, evidentemente, pode não ser a única, nem tampouco a conclusão certa. Num final surpreendente, a história de “Oculta” se mantém aberta, induzindo o leitor a tirar suas próprias conclusões, com uma participação mais ativa, ou simplesmente associar-se ao entendimento, aparentemente equivocado, do protagonista.
Em que pese a possibilidade de um romance desta magnitude ficar estigmatizado pelas cenas picantes de um erotismo ousado e vivo, o romance de Eliana de Freitas nos revela o talento e a maturidade de uma jovem e promissora escritora. Um dos seus méritos, com certeza, foi a capacidade de conduzir a trama sem entediar o leitor, utilizando com maestria o recurso de uma temática masculinizada, taxada de vulgar e relevada à subliteratura por preconceito, o erótico. Um outro grande mérito foi a forma como foi estruturado o romance, vindo à tona o grau de criatividade e sensibilidade feminina de Eliana de Freitas, capaz de inverter a ótica comum, fazendo com que o leitor observasse todo o enredo de um único ângulo, o masculino de um dos personagens.
O final, em aberto e dinâmico, característico de muitos romances de mistério atuais, como muitos seriados norte-americanos, merece destaque especial, pois dá ao leitor aquele “gostinho de quero mais”, ou “como será o próximo capítulo?”.
O livro “Oculta – Uma sentença masculina” foi gentilmente cedido pela autora. Foi publicado em 2006 pela Editora Limiar. E para quem quiser conhecer um pouco mais sobre a autora e sua obra:
http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=18991 -
(By Ramiro R. Batista)
Marcadores:
Eliana de Freitas,
Ramiro. R. Batista
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário