quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Superdotados e Psicomotricidade. Rosa M. Prista

O livro apresenta uma crítica à forma como são atendidos os superdotados pelo sistema social. Questjona a forma reducionista como pais e professores lidam com a questão da potencialidade, incentivando os aspectos racionais, priorizando as suas produções e impedindo a plena expressão de sua personalidade.
Relata a experiência de dez anos de trabalho com superdotados, onde o objetivo foi conviver, perceber a forma como se relacionam com sua famffia, com amigos, na escola através de uma metodologia que leve em conta a pessoa do superdotado.
Com base na psicomotricidade e sobre a noção “ser no mundo”, busca resgatar o movimento mtemo de cada um dos superdotados, através do autoconhecirnento, da expressão de seus aspectos criativos, libertando suas potencialidades e permitindo recriar seu mundo a partir de suas necessidades específicas.
Propõe uma revisão de valores e conceitos em nossa prática cotidiana, ao nível da pessoa do superdotado, permitindo-lhe ser o que é, através da compreensão e da permissão para que expresse seus desejos, carências e necessidades. Sugere atenção ao superdotado, enriquecendo suas experiências, não apenas com informações, jogos de vídeo-game, computação, mas também com atividades que estimulem sensações, sentimentos, relações que possam ser integradas ao seu movimento de vida, garantindo condições de sua história pessoale do coletivo.
A AUTORA

Natural do Rio de Janeiro. É psicóloga com pós-graduação em psicomotricidade, mestra em psicologia escolar. Sempre atuou em movimentos educacionais e sociais que buscam o desenvolvimento humano. Coordenou projetos no 19º DEC ligados à alfabetização e psicomotricidade e atuou em várias regiões do país na área de psicomotricidade. Recebeu apoio e incentivo a Jovens Talentos pela Fundação Mensa (Holanda). Atualmente dirige o Centro de Estudos da Criança, coordena cursos de psicomotricidade, ministra aulas de pós-graduação (FAFICLA/Paraná). E professora visitante da UERJ, membro da Associação Internacional de Psicologia Escolar e membro articulador da Associação Brasileira de Psicologia Aplicada. (das orelhas do livro)

TRECHO DO LIVRO
Os defensores e aqueles já cientes da necessidade de que o superdotado estude dentro de classes comuns junto a educadores disponíveis buscam ajudá-lo a equilibrar a sua personalidade, ao contrário do que ocorre na maioria de nossas escolas. Como as aprendizagens escolares são enfatizadas, exige-se do superdotado que seja o melhor, melhor não só na área ou nas áreas de sua superdotação, mas em todas as áreas e ações. Cria-se o mito da perfeição, exigindo-se do superdotado aquilo que ele não pode fornecer. Pretende-se que o superdotado, assim como qualquer criança, seja ele mesmo, diferente em alguns pontos, mas com a percepção de que todos somos diferentes e temos capacidades diversas, não só no plano intelectual, mas também no afetivo-emocional.(capa)
“A educação geral
Freire (1980) situa nossa educação como uma educação bancária e instrumental. Observa que se o educador é aquele que sabe, se os alunos são os que não sabem nada, cabe ao primeiro dar, entregar, transmitir, transferir seu saber aos segundos. E este saber não é mais o da “experiência vivida”, mas sim o da experiência narrada ou transmitida. Não é de surpreender, então, que nesta visão “bancária” da educação, os homens sejam considerados como seres destinados a se adaptar, a se ajustar. Quanto mais os alunos se empenham em arquivar os “depósitos” que lhes são entregues, tanto menos desenvolvem em si a consciência crítica que lhes permitiria inserirem-se no mundo como agentes de sua transformação, como sujeitos. Quanto mais se lhes impõe a passividade, tanto mais, de maneira primária, ao invés de transformar o mundo, eles tendem a se adaptar à realidade fragmentada contida nos “depósitos” recebidos.
Tomando por base a colocação de Freire, podemos afirmar que a escola brasileira, no momento atual, atingiu uma grave crise em seu desenvolvimento. Na escola, vive- se a experiência da desigualdade, o aprendizado da dependência. Nela, se perde a capacidade de vivenciar, relacionar, criar, imaginar, construir formular uma visão crítica do meio.
Apesar das transformações sociais, dos conflitos, tensões, esperanças, a escola mudou muito pouco, mudou superficialmente, mudou em alguns aspectos permaneceu intocável quanto ao seu saber. O aluno continua continua a receber informações inquestionáveis que deve memorizar. Poucos são os espaços de vivência, de descoberta, de encontro com o meio. Poucos são os educadores que buscam abrir espaço dentro deste adestramento, inovando, questionando a si próprio e permitindo ao aluno livre expressão de sentimentos e necessidades.
Drucker (1972) diz que a escola atual não é nem melhor nem pior do que antigamente, apenas ela já não está adaptada à nossa época. A escola continua separada da sociedade, mas continua estruturando normas e valores que a criança deve aprender. A criança vive numa sociedade cheia de informações e fatos prazerosos e desprazerosos os quais não são assimilados pela escola, embora façam parte do cotidiano.
Freire (1980) questiona a distância entre a escola e a realidade: é necessário que se reconheça que este conteúdo artificial e gratuito da maioria da lições escolares e uma das causas de desinteresse e falta de atenção por parte dos alunos. Por outro lado, esta distância entre o ensino e a realidade vai sendo interiorizada de tal maneira pelas crianças que elas passam a renunciar a fazer por si próprios as poucas ligações possíveis entre a escola e a vida.
A instituição escola continua planejada para uma aprendizagem que tem um fim em si mesma.” (p.46/47)
Dra. Rosa M. Prista Duarte

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