“Pedras de Calcutá” é a terceira coletânea de contos do escritor e dramaturgo gaúcho Caio Fernando Abreu. Publicada, pela primeira vez, em 1977, quando então o escritor tinha 28 anos, revelando, mais uma vez, um grau de maturidade raramente encontrado na Literatura. Através de contos de narrativa curta, uma preferência do autor, tornam-se incontestáveis a sua versatilidade e a sua genialidade. O escritor gaúcho, depois de “O inventário do irremediável” (1970) e “O ovo apunhalado” (1975), traz, em “Pedras de Calcutá”, 19 contos, com uma surpreendente e diversificada temática, com riqueza de estilos e crítica social discreta, mas contundente. Os textos apresentam temas que variam desde narrativas densas, intimistas e psicológicas (in “Mergulho I” e “Mergulho II”); passando pelo gênero fantástico e o suspense (in “O inimigo secreto”); pelo histórico e memorialista (in “Recuedos de Ypacaray”); sem esquecer de uma marca pessoal do autor (a ousadia e inovação), seja na sintaxe, com frases longas com ausência de pontuação, ou com textos em três idiomas simultâneos (português, espanhol e inglês), sem perder o compreensível (in “A verdadeira estória de Sally can dance (in the kids)”). Pessoalmente, merecem um destaque especial os seguintes contos, além dos já mencionados, capazes de fazer o leitor tirar os olhos do livro para uma pequena pausa reflexiva: – “Ele escreveu mesmo isso?” – como nos comoventes “Uma história de borboletas” e “O poço”, além do profundo e complexo conto que dá nome à coletânea “Pedras de Calcutá”. “Pedras de Calcutá” foi e continua sendo, dos livros de autor, o preferido pela crítica, embora o público ainda prefira “Morangos Mofados” ( de 1982). Sobre “Pedras de Calcutá”, o próprio autor diz que o livro “é, na sua quase totalidade, um livro de horror”, “principalmente (mas não unicamente) da minha geração.” “Pedras de Calcutá” marca, de certa forma, conforme a apresentação da edição de 1996, o final “de uma trajetória pessoal de independência em relação ao estado natal (Caio ampliara sua carreira jornalística para São Paulo e Rio de Janeiro), ao país (vinha de um período de três anos de auto-exílio em Londres, Estocolmo e Amsterdã) e afirmação de liberdade pessoal e não-submissão ao arbítrio do regime militar.” O escritor e dramaturgo gaúcho Caio Fernando Abreu nasceu em Santiago, em 1948, e faleceu em Porto Alegre, em 1996. “Tem doze livros publicados no Brasil e várias traduções na França, Inglaterra, Alemanha e Holanda. Em 1994, seu romance – “Onde andará Dulce Veiga?” – foi um dos seis finalistas do prêmio Laura Battaglion para o melhor romance estrangeiro na França.” Esta edição de “Pedras de Calcutá” é de 1996, publicada pela Editora Companhia das Letras. (Ramiro R Batista)
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Pedras de Calcutá. Caio Fernando Abreu
“Pedras de Calcutá” é a terceira coletânea de contos do escritor e dramaturgo gaúcho Caio Fernando Abreu. Publicada, pela primeira vez, em 1977, quando então o escritor tinha 28 anos, revelando, mais uma vez, um grau de maturidade raramente encontrado na Literatura. Através de contos de narrativa curta, uma preferência do autor, tornam-se incontestáveis a sua versatilidade e a sua genialidade. O escritor gaúcho, depois de “O inventário do irremediável” (1970) e “O ovo apunhalado” (1975), traz, em “Pedras de Calcutá”, 19 contos, com uma surpreendente e diversificada temática, com riqueza de estilos e crítica social discreta, mas contundente. Os textos apresentam temas que variam desde narrativas densas, intimistas e psicológicas (in “Mergulho I” e “Mergulho II”); passando pelo gênero fantástico e o suspense (in “O inimigo secreto”); pelo histórico e memorialista (in “Recuedos de Ypacaray”); sem esquecer de uma marca pessoal do autor (a ousadia e inovação), seja na sintaxe, com frases longas com ausência de pontuação, ou com textos em três idiomas simultâneos (português, espanhol e inglês), sem perder o compreensível (in “A verdadeira estória de Sally can dance (in the kids)”). Pessoalmente, merecem um destaque especial os seguintes contos, além dos já mencionados, capazes de fazer o leitor tirar os olhos do livro para uma pequena pausa reflexiva: – “Ele escreveu mesmo isso?” – como nos comoventes “Uma história de borboletas” e “O poço”, além do profundo e complexo conto que dá nome à coletânea “Pedras de Calcutá”. “Pedras de Calcutá” foi e continua sendo, dos livros de autor, o preferido pela crítica, embora o público ainda prefira “Morangos Mofados” ( de 1982). Sobre “Pedras de Calcutá”, o próprio autor diz que o livro “é, na sua quase totalidade, um livro de horror”, “principalmente (mas não unicamente) da minha geração.” “Pedras de Calcutá” marca, de certa forma, conforme a apresentação da edição de 1996, o final “de uma trajetória pessoal de independência em relação ao estado natal (Caio ampliara sua carreira jornalística para São Paulo e Rio de Janeiro), ao país (vinha de um período de três anos de auto-exílio em Londres, Estocolmo e Amsterdã) e afirmação de liberdade pessoal e não-submissão ao arbítrio do regime militar.” O escritor e dramaturgo gaúcho Caio Fernando Abreu nasceu em Santiago, em 1948, e faleceu em Porto Alegre, em 1996. “Tem doze livros publicados no Brasil e várias traduções na França, Inglaterra, Alemanha e Holanda. Em 1994, seu romance – “Onde andará Dulce Veiga?” – foi um dos seis finalistas do prêmio Laura Battaglion para o melhor romance estrangeiro na França.” Esta edição de “Pedras de Calcutá” é de 1996, publicada pela Editora Companhia das Letras. (Ramiro R Batista)
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