segunda-feira, 13 de abril de 2020

Contrarresiliente. Zeh Gustavo

O sadô ousado diz que oh! meus caros quintais desta pátria nossa, tenham resiliência com este terreiro puteiro que é este Brasil que agora a roda é plana, e o rodo passa por quem é Pt saudação. Vamos trocar de pai(s)? agora só se for pai de santo para receber alguns tragos: trago a pessoa amada em três dias, ou trago este país de volta até a próxima ereção ops! eleição. 
Mas vamos agora a ágora pronta do menestrel cantaautor Zeh Gustavo, em seu novo petardo sonoro e gi(n)gante e multiculturalista Contrarresiliente (editora Viés). 
E se a pauta daquele jornal que você lia naqueles idos de 80, tornasse vitrola de um vinil redondo e desce pisante-potente poético?
Zeh distorce a linguagem como uma boa guitarra flamenca duelando etnias e ritmos, torcendo o rabo da porca do parafuso que é o fascismo diário deste pequeno povo cheios de braços tentáculos para apagar história e botar a dança medieval de botar fogo em ideias, palcos, universidades.
O autor vai ao (dis)cerne(i)mento da linguagem com misticismo-aglutinações, entorses de sentido, revelando que a interpretação de texto (profética) não é rasa e nem régua.
Zeh enxerga por dentro não só do corpo pulsional da linguagem, como também das relações sociais medidas por compadrio, ladroagem, conveniências pusilânimes do toma-lá-da-cá. (Por Fernando Andrade – crítico de literatura/jornalista)



EXPLICITUDE! 

Recebi pelos correios, recentemente, um livro cuja ficha catalográfica acusa ser de literatura brasileira, de poesia. Penso que cada vez mais o gênero se indefine pela forma (apenas) o que me leva a lê-lo desconfiado de suas (pretensas) intenções. “Contrarresiliente” é (de acordo com indicações da segunda orelha) o quinto livro solo de Zeh Gustavo, multiartista que se divide entre o Rio de Janeiro e Cuiabá. Creio que as experiências de vida, nas quais se incluem todas as artísticas do autor, conduzem sua arte-objeto pelo caminho que transpõe mais do que ideologias que o texto possa traduzir. Posicionamentos políticos que se inferem da escrita são apenas a ponta do iceberg, caminho mais curto para se equivocar quanto ao conteúdo que se veicula pela obra de arte.

O conceito por trás do título gera um estranhamento que vai de encontro (quero dizer que vai contra mesmo) à inércia que se observa na sociedade brasileira no momento atual. A pasmaceira generalizada que paralisa qualquer movimento que se oponha ao terraplanismo vulcânico é tocada de maneira violenta pelo vocabulário do poeta. Suas construções frásicas tornam indigesta a leitura para os que acham que está tudo bem. Não está! Gosto dos experimentos linguísticos, da aplicação dos processos de formação de palavras que salpicam todo o livro criando um colorido especial. Percebo movimentos sintáticos promovidos por uma única palavra que ampliam, ao mesmo tempo em que transformam, verbetes simplistas em movimentos que subvertem com criatividade a norma culta.

Zeh Gustavo parece, em alguns momentos, estar diante de um story-board, de um roteiro minimalista para um filme de animação, de uma HQ à espera de um super-herói para combater o vilão de plantão que se demora no caminho das pedras. A diagramação do livro contribui para essa confusão visual transformada em projeto, pois obra de arte; e que ele chama de poesia. Poemas que deixam transparecer conhecimentos de vanguarda, nos quais hiberna a magia de um Mário Chamie de maneira especial. Destaco, à página 91, o poema XÓPI SENTE? como síntese do que mais me agradou na obra:

"Rito: domingos e dezembros

- a vida é crediária cretina

o lazer está trancado

mas as lojas não fecham

porque tem muita gente

que não pode ficar solta lá fora."


Contrarresiliente, uma resenha

Por Gilberto da Silva

O livro é de poesias, mas bem poderia ser um livro de crônicas. Ou será uma crônica-poesia? Mas poderia ser também um livro reportagem, um retrato escrito poeticamente na desgraça que é ser nas ruas onde não ser igual já é um enorme diferencial. O Zeh Gustavo, nosso contrarresiliente fala (ou melhor escreve, descreve e reescreve) o que o engasgado está por nós.

Vá devagar, o livro tem seu público e tem seu selo antifascista, portanto, não espere que nele impere cápsulas antipedagógicas oprimidas. Aqui a escrita é trans! Transbolzonarizado, transacomodado, transeunte.

O Zeh que já em outras lavras traçou linhas incômodas, em contrarresiliente vai direto ao golpe! Pronto para combater o ar contaminado de imbecilidade ou da boçalidade bosta que impera nos guetos nobres da sociedade pós-boçal com seus hiper chiliques.

A poesia aqui é contracorrente e deveras atinge quem deveras ler. Ler aqui é um ato de contravenção, contradição, contradito, não espere palavras mornas, textos leves como beijos suaves ou músicas para dormir.

Portanto, na contra mão necessária, eu super indico a leitura de contrarresiliente de Zeh Gustavo, editado pela Editora Viés.

terça-feira, 5 de março de 2019

Os Cavalinhos de Platiplanto. José J. Veiga

"Contos marcados por uma espécie de tranquilidade catastrófica"
Ontem pela manhã, terminei a leitura de meu quinto livro lido do ano. "Os Cavalinhos de Platiplanto", de José J. Veiga. Adoro a leitura inspiradora e rica de Veiga. Parece que, ao ler suas histórias, volto no tempo, eu me sinto um menino de novo. A literatura de qualidade tem disso também. É uma legítima, porém disfarçada, máquina do tempo. Há tanta informação, tanta magia e algo que me transforma, toda a vez em que leio um livro de José J. Veiga. Suas histórias são maravilhosas e, sei que é injusta a comparação, é como se ele fosse o nosso "Mark Twain", nosso "Jorge Luis Borges", nosso "Hans Christian Andersen", nosso "Tchecov", e tantos outros, num só escritor. Já coloquei em uma resenha que fiz sobre outro dos seus livros, que Veiga foi e continua sendo "mal-interpretado" por professores e outros supostos especialistas teóricos, que "rotulam" o escritor como "literatura-infanto-juvenil", e assim limitam seu alcance para outros leitores. É preconceituosa tal redução estilística. O universo das suas histórias é muito mais amplo, mais abrangente, quase terapêutico. Desafio aqui quem discordar, pois é de leitura obrigatória.

Bem, voltamos ao livro. Gostaria de transcrever aqui muitas das passagens que me emocionaram durante a leitura. Adoro quando, bem como nos filmes, a cena descrita me emociona a tal ponto de verterem lágrimas. E foi justamente no conto que dá nome ao livro: "Os Cavalinhos de Platiplanto". A atmosfera mágica de seus contos parte, quase sempre do cotidiano de cidades pacatas e pequenas do interior de qualquer região do Brasil.

No entanto, enquanto lemos, presos pela narrativa rica em detalhes, seja de um personagem, quase sempre um adolescente ou uma criança, de um momento ao outro da leitura, passamos, sem perceber, do real ao surreal, como num passe de mágica. É bem assim, pois, em diversos contos, interrompi a leitura para voltar e ver onde foi que eu me perdi. E o engraçado é que não é num parágrafo ou num capítulo em que isso se dá. É de repente, no meio de uma frase, ou no decorrer de um diálogo. E a história toma ares de fantástico, de realismo mágico, e o surreal assim perde grande parte do que poderia desestimular a leitura. Por desinformação, ou até incapacidade intelectual (perdoem-me a franqueza), sei que há muito preconceito a respeito de literatura fantástica, ou de realismo mágico.

Como navego na contramão, eu amo, adoro, este tipo de leitura e textos assim são enriquecedores, mais que desafiadores. O comportamento humano está sempre em constante situação de xeque, como numa partida de xadrez. Os personagens de Veiga são um prato cheio para estudos de psicologia. O absurdo é absorvido com tamanha naturalidade que não nos assustamos. E José J. Veiga ao lado de Murilo Rubião são os escritores brasileiros dos quais já li, senão todos, a maioria de seus livros. São muito inspiradores, uma fonte quase inesgotável de estudos. Dentre os livros de José J. Veiga, os meus preferidos são "Sombra de Reis Barbudos", "A hora dos ruminantes" e, agora, "Os Cavalinhos de Platiplanto", não necessariamente nesta ordem.

Enquanto leio Veiga, encontro lá algo que me tranquiliza, algo que corrobora meu modus-operandi de um “falso-adulto”, os personagens de suas histórias tem muito do meu jeito de pensar, refletir e ver a vida. Sinto-me um menino de novo e você não imagina como é boa esta sensação aos 54 anos. Dentro da gente, no nosso inconsciente, temos a idade que queremos ter. Então, eu poderia compartilhar aqui algumas das passagens que achei comoventes, porém, como encontrei num site, muitas passagens interessantes, vou colar aqui para que você, leitor, tire suas próprias conclusões. É claro que eu sei que não há nada como a nossa leitura dos livros. Então:

"O menino sentado à minha frente é meu irmão, assim me disseram (...) A princípio quero tratá-lo como intruso, mostrar-lhe a minha hostilidade, não abertamente para não chocá-lo, mas de maneira a não lhe deixar dúvida, como se lhe perguntasse com todas as letras: que direito tem você de estar aqui na intimidade de minha família, entrando nos nossos segredos mais íntimos, dormindo na cama onde eu dormi, lendo meus velhos livros, talvez sorrindo das minhas anotações à margem, tratando meu pai com intimidade, talvez discutindo a minha conduta, talvez até criticando-a? Mas depois vou notando que ele não é totalmente estranho, as orelhas muito afastadas da cabeça não são diferentes das minhas, o seu sorriso tem um traço de sarcasmo que eu conheço muito bem de olhar-me no espelho, o seu jeito de sentar-se de lado e cruzar as pernas tem impressionante semelhança com o do meu pai. De repente fere-me a ideia de que o intruso talvez seja eu, que ele tenha mais direito de hostilizar-me do que eu a ele, que vive nesta casa há dezessete anos, sem a ter pedido ele a aceitou e fez dela o seu lar, estabeleceu intimidade com o espaço e com os objetos, amansou o ambiente a seu modo, criou as suas preferências e as suas antipatias, e agora eu caio aí de repente desarticulando tudo com minhas vibrações de onda diferente. O intruso sou eu, não ele."

"Quando eu chegava em casa à noite, cansado de correr, lutar ou simplesmente ficar sentado no patamar da igreja ouvindo histórias, encontrava a porta encostada, com uma pedra pesada escorando. Minha mãe estava ou no quarto rezando ou na varanda remendando minhas roupas, e o máximo que dizia é que eu não devia abusar da ausência de meu pai, porque se eu acostumasse ficaria difícil desacostumar quando ele voltasse. E acho que para não parecer que estivesse implicando mudava logo de assunto, dizia que tinha leite morno para mim na pedra do fogão, mas que não esquecesse de lavar os pés primeiro. (...) Deitado na cama, ouvindo minha mãe fazendo ainda uma coisa ou outra pela casa, catando feijão, moendo café para de manhã, eu achava que não estava ajudando muito, como meu pai recomendara, e prometia a mim mesmo mudar de vida. Mas resolver uma coisa deitado é fácil, não dá nenhum trabalho, praticar depois é que é difícil, a gente vai deixando para depois e nunca resolve começar."

"E o manso velhinho continuava esperando, talvez já só pelo hábito, ou pela falta de ânimo de levantar-se para cuidar de outra coisa. Observei-lhe que muito ele devia ter perdido enquanto esteve sentado naquele banco esperando, aliás já bastante puído pelo roçar de seus braços e de suas costas; ele respondeu que exatamente por isso não tinha mais interesse em sair. (...) – Perdi a promessa e perdi a festa – disse suspirando. (...) O que isso queria dizer não fiquei sabendo, mas aquelas palavras, ditas com grande desconsolo, ficaram em meus ouvidos como expressão de total desilusionamento. (...) Pensando em dar-lhe uma compensação tardia, convidei-o a acompanhar-me numa visita à casa (...) Ele olhou-me com total indiferença e disse: – É melhor não. O ouro tem muita tara."

"Mas o delegado já tinha o seu plano e não precisava de sugestão de ninguém; ele apenas esperava que o prazo se esgotasse para tomar suas providências – e talvez até desejasse no íntimo que a ordem fosse desobedecida para ter uma ocasião de impor dramaticamente a sua autoridade. Quando ele consultou o relógio e disse que os sessenta minutos já haviam passado, a multidão automaticamente abriu um corredor entre ele e o poço, com certeza esperando que ele fosse descer pela corda e trazer o professor nas costas. Mas em vez de caminhar na direção do poço ele caminhou na direção da casa! Ninguém entendia mais nada. Então ele estava apenas brincando quando fez a intimação? É claro que o desapontamento do povo não vinha de nenhum desejo de preservar a autoridade, mas do receio de perder algum espetáculo, sensacional ou engraçado. (...) Quando o delegado voltou da sua caleche trazendo uma enorme casa de marimbondos na ponta de um galho de abacateiro, o povo criou alma nova. Era a prova de que uma autoridade experiente pensa melhor do que cem curiosos. Andando devagarinho para não balançar o galho, o delegado chegou à beira do poço e sem mais nenhum aviso soltou lá dentro o galho com os marimbondos."

"(...) descobri que, quando se derruba uma moeda em água corrente, não se deve pensar em recuperá-la. Quem tentar fazê-lo poderá ficar o resto da vida à beira da água retirando moedas. É como se a pessoa 'sangrasse' a areia do fundo da água e depois não conseguisse estancar o jorro de moedas. (...) Talvez eu não devesse ter contado isso a meu pai, pois não era difícil prever o que aconteceria. Ele riu em minha cara, e chamou-me fantasista. Como eu insistisse, ofendido, ele reptou-me a prová-lo. (...) aceitei o desafio, como se tratasse de um ponto de honra. Levei-o à beira de um córrego, mandei-o soltar uma moeda na água – e só à força conseguimos tirá-lo de lá dias depois; e para impedi-lo de voltar, tivemos de interná-lo. Disseram que a culpa foi minha, mas não consigo sentir-me culpado."

"(...) quando a gente é menino parece que as coisas nunca saem como a gente quer. Por isso é que eu acho que a gente nunca devia querer as coisas de frente por mais que quisesse, e fazer de conta que só queria mais ou menos. Foi de tanto querer o cavalinho, e querer com força, que eu nunca cheguei a tê-lo." (negritei, pois esta passagem é inesquecível e reveladora...)

A edição do livro que li é de 2015, edição da foto acima, em capa dura. Obra de colecionador. Li em ângulo máximo de 90º para não danificar as costuras. Edição da Companhia das Letras, prefácio de Silvano Santiago.

O livro "Os Cavalinhos de Platiplanto" foi o primeiro livro de José J. Veiga, publicado em 1959, quando o autor contava com 45 anos de idade. 

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 José J. Veiga - folha de rosto do livro.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Trem noturno para Lisboa. Pascal Mercier

Um ourives das palavras
Fenômeno editorial na Alemanha — onde ultrapassou a marca de dois milhões e meio de exemplares vendidos e ficou anos nas listas dos principais veículos —, Trem noturno para Lisboa - 2013, extrapolou as fronteiras da literatura. Terceiro romance de Pascal Mercier, na verdade o professor de filosofia Peter Bieri, ganhou ares de expressão idiomática, usada para designar mudanças de vida. Mercier cria um personagem emblemático, o português Amadeu do Prado. Herói literário com o único objetivo de retratar seu criador. Invenção tão perfeita, que, nos últimos anos, muitos estrangeiros se deslocam para terras lusitanas em busca do escritor fictício. 

Tudo começa numa manhã chuvosa, quando Raimundo Gregorius, um homem culto, professor de línguas clássicas, impede que uma mulher se jogue de uma ponte em Berna. O professor se encanta com os sons do balbucio incoerente da suicida. Ao questionar que língua é aquela, fica sabendo se tratar do português. Hipnotizado pela musicalidade do idioma, acaba por comprar um livro do autor português Amadeu Inácio de Almeida Prado, intitulado Um ourives das palavras. Uma reflexão sobre as múltiplas experiências da vida: solidão, finitude e morte, amizade, amor e lealdade. 

Fascinado por Prado, Gregorius tenta compreender o misterioso escritor, um médico que morreu 30 anos antes. A obsessão o faz largar sua rotina bem organizada e pegar o trem noturno para Lisboa. Numa descoberta do outro que acaba por ser uma descoberta de si próprio. Ao longo das investigações que o levam pelas vielas da capital portuguesa, ele encontra pessoas que conheceram Prado. E constrói a imagem de um médico e poeta admirável, que lutou contra Salazar. Gozou de enorme popularidade até salvar a vida de um oficial da polícia secreta. Depois disso, as pessoas que o veneravam passaram a evitá-lo. Na tentativa de se redimir, trabalhou para a oposição clandestina. 

Gregorius se descobre antítese de Prado, um homem inquieto, capaz de desafiar os pontos de vista ortodoxos. Agora, através de sua influência póstuma, o prudente professor é impulsionado a mudar. Mas o que significa conhecer outra pessoa, compreender outra vida? O que significa para o conhecimento de nós mesmos? É possível fugir da rotina? Este romance é uma epopeia multifacetada de uma viagem através da Europa e do nosso pensar e sentir. 


"Um ourives das palavras" -  Amadeu Inácio de Almeida Prado.

domingo, 2 de setembro de 2018

Eu algum na multidão de motocicletas verdes agonizantes. Zeh Gustavo



Há uma operação lógica na cabeça dos personagens do novo livro do escritor Zeh Gustavo, como uma auto-observação de suas capacidades de ação e reação. Já tinha percebido isso numa autoironia de Sérgio Sant’anna que seus personagens parecem que se ouvem mentalmente numa espécie de autoescuta. É como um movimento de narração para fora-e-dentro. Uma autoconsciência de suas ações no percurso da trama onde cada personagem se insere. Lendo Eu algum na multidão de bicicletas verdes agonizantes, Editora Viés, tive esta mesma, percepção de personagens que vivenciam situações sociais onde se perdem os processos de individuação perante a mais valia do mundo das ruas e cidades.
Até há uma individuação, mas ela não é validada por aceitação de um status social, onde os personagens são cooptados pelo sistema. Gustavo talvez vá um pouco mais longe do que Sérgio, pois o autor, aqui resenhado, movimenta todo universo mental de suas criaturas, criando um universo linguístico próprio com neologismos - palavras aglutinadas, numa espécie de semântica própria da relação da pessoa com seu entorno.
Além de existir uma espécie de fatalismo, onde os personagens reagem até determinado ponto em suas condições sociais, nunca as modificando para melhor, e sim uma ironia benfazeja em aceitar o entorno do jeito que é. Se pensarmos que o fascismo é mudar os outros e o ambiente para o jeito do que o eu (ego) é ou está, aqui Zeh parte pelos seus personagens pelo estatuto da transgressão do individualismo capitalista. Ver o entorno com a beleza de suas contradições, com falta de juízo em destituir a banalidade do mal. A linguagem para o escritor parece a única possibilidade de descondicionar o homem de sua prisão social. Quando se liberta a palavra tanto de jugos como de sua operacionalidade formal e semântica, criando a bagunça onde moldes e modelos podem ser rejustificados.

Fonte: Literatura & Fechadura, 31 ago. 2018.

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Zeh Gustavo
Centro/Zona Portuária
Rio de JaneiroRJ 20080070
Brazil

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Quem é você, Alasca? John Green

Sim (poderia começar com um não, mas por que não começar assim: com um “Sim”, simples direto e positivamente mais otimista?). Às vezes, como agora, corro o risco de esquecer o que me motivou a começar a escrever, é uma ideia sobrepondo-se a outra, mas vou escrever para não a esquecer: “tenho n razões para acreditar no difícil, no remoto, no impossível”. Sim (de novo), sou um otimista inveterado e incorrigível (Thank God!). Acabo de terminar a leitura de “Looking for Alaska”, de John Green (em português, “Quem é você, Alasca?”, tradução que, como de hábito, já conta um pouco da história, herança portuguesa lamentável. Fazer o quê?). Gosto do mistério que envolve a escolha dos livros que leio. É quase como um pedido: “ei, você irá gostar da minha história!" Como se o livro me chamasse à leitura. “Coisa de doido!”, como alguém deixara escapar várias vezes. 

A trama da história de “Looking for Alaska” extrapola e surpreende. O que me atraiu no início era o tradicional romance: “garota bonita e inteligente X garoto estranho e interessante”. Motivado pela leitura de algumas passagens que li no Tumblr e no Facebook. Qualquer semelhança com minha visão de vida não é mera coincidência. Gosto das infinitas possibilidades que o cotidiano nos mostra de forma tão “labiríntica”. Ainda bem que a vida “é bem como ela é”, mesmo! (risos) Não fosse assim, acho que seria um eterno frustrado. Cada pessoa é um universo à parte. Muitas vezes ficamos horrorizados com o que ouvimos, ou com o que as pessoas (diferentes ou não muito diferentes de nós) fazem. Por mais fora do padrão que nossos comportamentos sejam, sempre achamos que os outros é que não são “normais”. 

Voltando ao livro. Além de romance adolescente para adolescente, o livro traz uma temática interessante e incomum: a predileção por “últimas palavras” de pessoas ilustres. Talvez os americanos não sejam nativos do planeta Terra. Mas, surpreendentemente, há inúmeros livros sobre isso. Por que alguém iria se interessar por “últimas palavras”? Por que alguém iria querer se “eternizar” dizendo algo para a posteridade, quando, nos momentos que antecedem a morte, o moribundo quer, sobretudo, sobreviver e não fazer “imagem”. Quem, em sã consciência, acha que os moribundos querem “ficar bem na foto”? Outro dia comentei que deve ser muito legal ter um pai músico que fizesse uma música maravilhosa em homenagem ao filho. Falava de “Jealous Guy”, de John Lennon. E, meu filho, com uma visão de outro ângulo e muito mais sensata que a minha, corrigindo-me: “prefiro um pai vivo a um pai morto”. Bem, e as tais "últimas palavras"? “Como faço para sair deste labirinto?” e “Saio em busca de um grande talvez”. 

Parece uma grande bobagem preocupar-se com as últimas palavras de um moribundo, porque, acaso estivéssemos no lugar dele, iríamos querer unicamente não estar naquela situação. Ao invés de querer gastar o último sopro com palavras, que poderão até sair incompreensíveis ou, obviamente, apressar a morte, mais sensato seria gastá-lo tentando respirar de novo, mais e melhor. As coisas muitas vezes nos fogem do controle e do seu rumo inicial, fogem do plano, quando o imprevisto afeta substancialmente o plano A, e é por isso que devemos analisar tanto as variáveis possíveis e prováveis, possibilitando planos B ou C. Ao tentar entrar no assunto das palavras e do silêncio, “prefiro as palavras mal ditas ao silêncio”. 

Ainda não sei o porquê, mas, ás vezes, chego a ter a impressão de morte, como se tivéssemos morrido, ou assassinássemos um ao outro ao dizermos goodbye, farewell, it’s over. O cérebro pode até interpretar racionalmente, mas, há momentos em que aquele algo mais se sobrepõe e, talvez fruto do coração saudoso e inconformado, dá sinais de sobrevida. Não, este “tipo” de morte não existe. Racionalizar o sentimento é uma das maiores insensatez que uma pessoa pode tentar fazer, mas o fazem com frequência. “Ela me ensinou tudo o que eu sabia sobre lagostins, beijos, vinho tinto e poesia. Ela me mudou” (p. 176) e a forte irresignação “Você não pode me mudar e depois ir embora.” E, muitas vezes, ao nos lembrar de algo, damo-nos conta da fragilidade do tempo, naquele local onde ele não tem o menor sentido, quando a presença fantasmagórica nos vem, como necessidade premente, e somos obrigados a parar e refletir, com os olhos vidrados e a mente a 17 mil quilômetros de distância: “Eu queria tanto me deitar ao lado dela, envolvê-la em meus braços e adormecer. Não queria transar, como nos filmes. Nem mesmo fazer amor. Só queria dormir com ela, no sentido mais inocente da palavra.” 

Por motivos que não interessam agora, há muitos anos não lia um autor estrangeiro. John Green (o mesmo de “A Culpa é das Estrelas”) é muito bom e excepcional em retórica. O livro poderia ser resumido em um terço do seu tamanho, mas se correria o risco de se perderem algumas das suas melhores passagens, que aparecem justamente nas pausas retóricas. Vale a pena se deixar levar por uma boa narrativa e personagens avessos (ou nem tanto) a nós. Adoro esta experiência extra-corpórea que a literatura nos oferece. E que bom que, ao concluirmos a leitura, já não somos mais os mesmos, apesar de estarmos na mesma casa, e talvez sentados na mesma poltrona do início da leitura. Agora que já li o livro, acho que, nas mãos de um bom diretor, até que daria um filme interessante, talvez até “Cult”, com boa trilha sonora e efeitos especiais. Não gosto de ler o livro depois do filme, pois há uma tendência a nos influenciarmos pela visão do diretor, o que não é legal. Eu particularmente não gosto. "Quem é você, Alaska?" é o meu segundo livro lido do ano. Estou devendo, mas o que importa mesmo é não parar. A seguir algumas passagens retiradas do site da escritora e blogueira Isabel Freitas, espero que ela não se importe. 

“Ela tinha namorado. Eu era um palerma. Ela era apaixonante. Eu era irremediavelmente sem graça. Ela era infinitamente fascinante. Então eu voltei para o meu quarto e desabei no beliche de baixo, pensando que, se as pessoas fossem chuva, eu seria garoa e ela, um furacão.”;

"Chega uma hora em que é preciso arrancar o Band-Aid. Dói, mas pelo menos acaba de uma vez e ficamos aliviados.";

 "Tantos de nós teríamos de conviver com coisas feitas e deixadas por fazer naquele dia. Coisas que terminaram mal, coisas que pareceram normais na hora, porque não tínhamos como prever o futuro. Se ao menos conseguíssemos enxergar a infinita cadeia de consequências que resultariam das nossas pequenas decisões. Mas só percebemos tarde demais, quando perceber é inútil.";

“Quando os adultos dizem: “Os adolescentes se acham invencíveis”, com aquele sorriso malicioso e idiota estampado na cara, eles não sabem quanto estão certos. Não devemos perder a esperança, pois jamais seremos irremediavelmente feridos. Pensamos que somos invencíveis porque realmente somos. Não nascemos, nem morremos. Como toda energia, nós simplesmente mudamos de forma, de tamanho e de manifestação. Os adultos se esquecem disso quando envelhecem. Ficam com medo de perder e de fracassar. Mas essa parte que é maior do que a soma das partes não tem começo e não tem fim, e, portanto, não pode falhar” ;

“Mas que diabos significa “instantâneo”? Nada é instantâneo. Arroz instantâneo leva cinco minutos, pudim instantâneo uma hora. Duvido que um instante de dor intensa pareça instantâneo.” ;

“Isso é o medo: Perdi uma coisa importante, não consigo achá-la, preciso dela. É o que a pessoa sentiria se perdesse os óculos, fosse até uma óptica e descobrisse que todos os óculos do mundo tinham se acabado e que, agora, ela teria de se virar sem eles.”;

“Eu queria ser seu último amor. Mas sabia que não era. Sabia e a odiava por isso. Eu a odiava por não se importar comigo. Eu a odiava por ter me deixado naquela noite. E odiava a mim mesmo por tê-la deixado ir embora, porque, se eu tivesse sido suficiente, ela não teria querido ir embora. Simplesmente teria se deitado comigo, conversado e chorado. E eu a teria ouvido e teria beijado as lágrimas que caíam dos seus olhos.”;

“Não sabia se podia confiar nela e já estava cansado de sua imprevisibilidade – fria num dia, meiga no outro; irresistivelmente sedutora num momento e insuportavelmente chata no outro.”;

“Vocês fumam para saborear. Eu fumo para morrer.”;

“Eu queria ser uma dessas pessoas que têm uma sequência a manter, que chamuscavam o chão com sua intensidade. Mas agora pelo menos, eu conhecia pessoas desse tipo, e elas precisavam de mim como um cometa precisa de uma cauda.”;

“O que significa ser uma pessoa? Como passamos a existir e o que será de nós quando deixarmos de existir? Em suma: quais são as regras deste jogo e qual é a melhor maneira de jogá-lo?”;

“Você não pode me mudar e depois ir embora.”;

“Não posso ser uma dessas pessoas que ficam sentadas falando que pretendem fazer isso e aquilo. Eu vou fazer e pronto. Imaginar o futuro é uma espécie de nostalgia.”;

“Eu queria tanto me deitar ao lado dela, envolvê-la em meus braços e adormecer. Não queria transar, como nos filmes. Nem mesmo fazer amor. Só queria dormir com ela, no sentido mais inocente da palavra.”.


terça-feira, 25 de novembro de 2014

O livro espantado. Priscila Lopes

Na vida, escolhemos caminhos que nos surgem pela frente e costumamos seguir adiante, quase que instintivamente, sem muita reflexão, pois, como dizem, o tempo está sempre nos comendo pela perna. Encontramos muita gente nos anos de trajetória. E, em meus 50 anos, recém completados, então, um montão de gente. Cada qual com seu grau de importância. E é claro que algumas pessoas se sobressaem das demais e entram, quase todas sem querer, para um rol de destaque na nossa humilde história. Priscila é uma delas.

Há alguns anos, encontrei Priscila Lopes por acaso, num site de novos escritores. Foram caminhos que se cruzaram, eram pretensões similares, mas comportamentos distintos. Imprescindível detalhe. Eu desisti de escrever, pois minha avassaladora autocrítica sagrou-se vencedora. Não lamentem. E ainda não sei se para o bem (dos leitores) ou para o mal (meu, particular). Priscila, ao contrário, perseverante por natureza (acredito, pois deu provas disso), seguiu em frente, cabeça erguida, decidida. O resultado está diante de meus olhos. Um livro surpreendente. E já é o seu segundo livro.

Costumo lembrar de uma frase que vi num diálogo de um filme, visto há vários anos, cujo nome não me vem: “somos sempre maiores do que pensamos ser e nossas ações geram mais consequências do que imaginamos.” É isso. Perfeito. Priscila se enquadra perfeitamente na máxima. Li seu livro com deleite e com certo orgulho de ter acompanhado sua trajetória, de longe, mas sempre com interesse no seu sucesso. Reconheci seu talento. Há alguns anos, chegamos a trocar emails, cujo teor não podia ser outra coisa: livros e literatura. Tive, em determinado momento, o prazer de receber uma confissão de Priscila, que talvez ela nem mais se lembre, entretanto vale recordar. Confidenciou-me à época: “Vou te contar um segredinho”, disse, segura em compartilhar: “Eu a-do-ro escritores gaúchos!” Aquilo soou como música aos meus ouvidos, ainda mais vindo de uma catarinense. Primeiro, porque eu também adoro ler escritores gaúchos; e, segundo, porque eles são meus conterrâneos. Anos depois, soube que um de seus contos fora publicado na Revista Cult e também fiquei muito feliz por mais um sucesso.

Em “O livro espantado” (122 páginas, editora Patuá, 2014), Priscila presenteia o leitor com 24 contos curtos, em narrativas curiosas, fluidas e digestivas, cujos temas vagueiam entre a infância e a pré-adolescência. Narrados, predominantemente, em primeira pessoa, a atmosfera dos contos nos passa a impressão de um livro de memórias, com o tradicional clima intimista e confessional. Embora já tenha lido que as narrativas em primeira pessoa sejam pouco confiáveis, e que deixam o leitor inseguro, posto que a história nos é transmitida sob o ponto de vista de apenas um dos personagens, ao mesmo tempo nos passam a ideia de veracidade, como se tudo, realmente, tenha acontecido. E Priscila conseguiu, pois, na maioria das narrativas de personagens femininos, tem-se a impressão de que a história se passou com a própria autora.

Embora na contracapa se mencione um “mergulho no universo da infância”, percebi, na quase totalidade dos contos, uma predominante maturidade na visão infantil das coisas pelos protagonistas, como memória revivida. Assim como assisti a uma entrevista de um garoto de 11 anos, capaz de uma aula de maturidade, muito provavelmente por ser uma criança que lê; acredito que revermos nossa infância em memórias longínquas depois de adulto, não só nos enriquece, como nos deixa mais conscientes do contínuo e necessário processo de autoconhecimento. Além disso, a narrativa de personagem feminino também nos possibilita, como leitores masculinos, a inusitada e interessante experiência extracorpórea.

Alguns contos se sobressaíram, no meu gosto pessoal, e os destaco. Em “Nunca amar” (p.7), o conto que abre o livro, a personagem com seus planos para o primeiro amor. “... à noite ficava até tarde na internet escolhendo as músicas; músicas para tocar quando se conhecerem, músicas para quando já tiverem dito ‘te amo’, músicas para o casamento... casamento!”, e foi impossível não fazer minha associação a uma canção popular dos anos 70, cujos versos pedem que o amor não chegue na hora marcada, e, ao final, imperativamente, “quando te encontrar, me reconheça”. 

Me encantou a passagem, em “A maçã do amor” (p.31): “... Calou-se. Para sempre. E eu também emudeci pálido como açúcar; apavorado como um pintinho que, na verdade, nem sabe do que tem medo, apenas vive de se apavorar, até virar galinha e perceber que não havia mistério então; era só botar ovos.”.

No conto “O livro espantado” (p.43), conto que dá título ao livro, uma relação muito pessoal com o livro e a paixão pela leitura: “... Foi em pé, abraçada ao pacote, deslizando os dedos sobre ele, sentindo seu peso; não podia ser o mesmo livro. Talvez fosse semelhante, com os vinte contos mais populares do século, ou de poesias, ou de micronarrativas. Ou quem sabe fosse um livro que o destino encomendara para ela...” E foi como mágica ler o conto e rever a minha própria relação com os livros. Adquiri, na infância ainda, uma relação quase esquizofrênica com o livro. O livro físico, seu cheiro, sua textura, a magia das imagens das capas, orelhas de degustação, e aquelas quase infinitas letrinhas enfileiradas a me hipnotizarem, sempre numa relação tempestuosa com a minha impossibilidade financeira de adquiri-los. Em décadas de psicoterapia, acho que eu só piorei. Embora eu, ultimamente, os tenha evitado, volta e meia tenho recaídas e, confesso, leio, leio muito. Houve um tempo em que gostaria de ter o poder especial de absorver o conteúdo de um livro com um simples toque de dedo, como alguns personagens de filmes de ficção científica; ou, melhor, poder esticar o tempo e ficar, dias e dias, lendo sem parar.

Em “Antes de mim” (p.97), reflexões como verdadeira poesia em prosa: “... ela às vezes falta em dias de chuva. Sua palidez pertence às quintas de chuva; de certo fica em casa cultuando-a, de certo sua mãe ou seu pai entendam que chover é suficiente. Pra que mais, me pergunto enquanto cruzo caras e bocas sorridentes, pra que mais?”. E, ainda no mesmo conto, algo fantástico e quase inimaginável: “... ela me ensinou Mario Quintana. Eu gostava de falar da coisa sem dizer o nome da coisa, só assim, coisa. E depois do Quintana eu me senti menos singular. Pelo menos até saber que ele havia morrido. Depois pensei que talvez eu fosse sua reencarnação, porque eu também escrevia ideias. E coisas.” (p.99).

E, não fossem todas as demais passagens, só esta última já justificaria a leitura do livro, em “A menina roubada” (p.121): “Então eu era um grito. Uma imaginação. Compraram-me como um intangível. Eu estava no aplauso, estalando. Eu estava no silêncio de taças inquebráveis. Como um porcelanato eu me atirei contra meus princípios – num precipício estou caindo há vinte anos.” Uma prova do talento e da escrita incomum de Priscila Lopes. 

Outro dia li, numa das suas postagens, em sua página do Facebook, na qual Priscila contestava uma declaração equivocada de um leitor que dizia não haver escritores de talento na Literatura Brasileira contemporânea após Guimarães Rosa. Bons escritores existem e publicam. Falta, talvez, mais divulgação de seus trabalhos e, claro, interesse dos leitores em procurar algo novo e de qualidade. Best Sellers nunca foram garantia de qualidade. Mas me sinto na liberdade de dizer que Priscila Lopes está ao lado de muitos outros novos talentos da literatura brasileira contemporânea. Entre os quais, gosto de lembrar dos que já li: Paulo Scott, Luisa Geisler, Marcelino Freire, Ronaldo Bressane, Daniel Pelizzari, Clarissa Corrêa, e outros, muitos outros.

Priscila Lopes

Para saber mais sobre Priscila, acesse:




segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Quem pagou a conta? Francis Stoner Saunders


Livro que relata envolvimento de FHC com a CIA esgota edição


FHC é citado por três jornalistas quanto ao seu envolvimento com a espionagem dos EUA. Está esgotado nas duas maiores livrarias do Rio o livro da escritora Frances Stonor Saunders Quem pagou a conta? A CIA na Guerra Fria da cultura, no qual o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é acusado, frontalmente, de receber dinheiro da agência norte-americana de espionagem, para ajudar os EUA a “venderem melhor sua cultura aos povos nativos da América do Sul”. O exemplar, cujo preço varia de R$ 72 a R$ 75,00, leva entre 35 e 60 dias para chegar ao leitor, mesmo assim, de acordo com a disponibilidade no estoque. O interesse sobre a obra da escritora e ex-editora de Artes da revista britânica The New Statesman, no Brasil, pode ser avaliado ao longo dos cinco anos de seu lançamento.

Quem pagou a conta?, segundo os editores, recebeu “uma ampla cobertura pela mídia quando foi lançado no exterior”, em 1999. Na obra, Frances Stonor Saunders narra em detalhes como e por que a CIA, durante a Guerra Fria, financiou artistas, publicações e intelectuais de centro e centro-esquerda, num esforço para mantê-los distantes da ideologia comunista. Cheia de personagens instigantes e memoráveis, entre eles o ex-presidente brasileiro, “esta é uma das maiores histórias de corrupção intelectual e artística pelo poder”.

“Não é segredo para ninguém que, com o término da Segunda Guerra Mundial, a CIA passou a financiar artistas e intelectuais de direita; o que poucos sabem é que ela também cortejou personalidades de centro e de esquerda, num esforço para afastar a intelligentsia do comunismo e aproximá-la do American way of life. No livro, Saunders detalha como e por que a CIA promoveu congressos culturais, exposições e concertos, bem como as razões que a levaram a publicar e traduzir nos Estados Unidos autores alinhados com o governo norte-americano e a patrocinar a arte abstrata, como tentativa de reduzir o espaço para qualquer arte com conteúdo social. Além disso, por todo o mundo, subsidiou jornais críticos do marxismo, do comunismo e de políticas revolucionárias. Com esta política, foi capaz de angariar o apoio de alguns dos maiores expoentes do mundo ocidental, a ponto de muitos passarem a fazer parte de sua folha de pagamentos”.

Quem pagou a conta? está esgotado nas livrarias do Rio
Quem pagou a conta? está esgotado nas livrarias do Rio

As publicações Partisan Review, Kenyon Review, New Leader e Encounter foram algumas das publicações que receberam apoio direto ou indireto dos cofres da CIA. Entre os intelectuais patrocinados ou promovidos pela CIA, além de FHC, estavam Irving Kristol, Melvin Lasky, Isaiah Berlin, Stephen Spender, Sidney Hook, Daniel Bell, Dwight MacDonald, Robert Lowell e Mary McCarthy, entre outros. Na Europa, havia um interesse especial na Esquerda Democrática e em ex-esquerdistas, como Ignacio Silone, Arthur Koestler, Raymond Aron, Michael Josselson e George Orwell.

jornalista Sebastião Nery, em 1999, quando o diário conservador carioca Tribuna da Imprensa ainda circulava em sua versão impressa, comentou em sua coluna que não seria possível resumir a obra em tão pouco espaço: “São 550 páginas documentadas, minuciosa e magistralmente escritas”, afirmou.

Dinheiro para FHC

“Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de US$ 145 mil. Nasce o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento)”. Esta história, que reforça as afirmações de Saunders, está contada na página 154 do livro Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível, da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O “inverno do ano de 1969″ era fevereiro daquele ano.
Há menos de 60 dias, em 13 de dezembro, a ditadura militar havia lançado o AI-5 e elevado ao máximo o estado de terror após o golpe de 64, “desde o início financiado, comandado e sustentado pelos Estados Unidos”, como afirma a autora. Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas. O ex-presidente Juscelino Kubitcheck e o ex-governador Carlos Lacerda tinham sido presos. Enquanto isso, Fernando Henrique recebia da poderosa e notória Fundação Ford uma primeira parcela para fundar o Cebrap. O total do financiamento nunca foi revelado. Na Universidade de São Paulo, por onde passou FHC, era voz corrente que o compromisso final dos norte-americanos girava em torno de US$ 800 mil a US$ 1 milhão.

Segundo reportagem publicada no diário russo Pravda, um ano após o lançamento do livro no Brasil, os norte-americanos “não estavam jogando dinheiro pela janela”.

“Fernando Henrique já tinha serviços prestados. Eles sabiam em quem estavam aplicando (os dólares)”. Na época, FHC lançara com o economista chileno Faletto o livro Dependência e desenvolvimento na América Latina, em que ambos defendiam a tese de que países em desenvolvimento ou mais atrasados poderiam desenvolver-se mantendo-se dependentes de outros países mais ricos. Como os Estados Unidos”. A cantilena foi repetida por FHC, em entrevista concedida ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, na edição da última terça-feira, a última de 2013.

Com a cobertura e o dinheiro dos norte-americanos, FHC tornou-se, segundo o Pravda, “uma ‘personalidade internacional’ e passou a dar ‘aulas’ e fazer ‘conferências’ em universidades norte-americanas e européias. Era ‘um homem da Fundação Ford’. E o que era a Fundação Ford? Uma agente da CIA, um dos braços da CIA, o serviço secreto dos EUA”.

Principais trechos da pesquisa de Saunders:

1 – “A Fundação Farfield era uma fundação da CIA… As fundações autênticas, como a Ford, a Rockfeller, a Carnegie, eram consideradas o tipo melhor e mais plausível de disfarce para os financiamentos… permitiu que a CIA financiasse um leque aparentemente ilimitado de programas secretos de ação que afetavam grupos de jovens, sindicatos de trabalhadores, universidades, editoras e outras instituições privadas” (pág. 153).
2 – “O uso de fundações filantrópicas era a maneira mais conveniente de transferir grandes somas para projetos da CIA, sem alertar para sua origem. Em meados da década de 50, a intromissão no campo das fundações foi maciça…” (pág. 152). “A CIA e a Fundação Ford, entre outras agências, haviam montado e financiado um aparelho de intelectuais escolhidos por sua postura correta na guerra fria” (pág. 443).
3 – “A liberdade cultural não foi barata. A CIA bombeou dezenas de milhões de dólares… Ela funcionava, na verdade, como o ministério da Cultura dos Estados Unidos… com a organização sistemática de uma rede de grupos ou amigos, que trabalhavam de mãos dadas com a CIA, para proporcionar o financiamento de seus programas secretos” (pág. 147).
4 – “Não conseguíamos gastar tudo. Lembro-me de ter encontrado o tesoureiro. Santo Deus, disse eu, como podemos gastar isso? Não havia limites, ninguém tinha que prestar contas. Era impressionante” (pág. 123).
5 – “Surgiu uma profusão de sucursais, não apenas na Europa (havia escritorios na Alemanha Ocidental, na Grã-Bretanha, na Suécia, na Dinamarca e na Islândia), mas também noutras regiões: no Japão, na Índia, na Argentina, no Chile, na Austrália, no Líbano, no México, no Peru, no Uruguai, na Colômbia, no Paquistão e no Brasil” (pág. 119).
6 – “A ajuda financeira teria de ser complementada por um programa concentrado de guerra cultural, numa das mais ambiciosas operações secretas da guerra fria: conquistar a intelectualidade ocidental para a proposta norte-americana” (pág. 45).
Espionagem e dólares
Não há registros imediatos de que o ex-presidente tenha negado ou admitido as denúncias constantes nos livros de Sauders e Leoni. Em julho do ano passado, no entanto, o jornalista Bob Fernandes, apresentador da TV Gazeta, de São Paulo, publicou artigo no qual repassa o envolvimento do ex-presidente com os serviços de espionagem dos EUA, sem que tivesse precisado, posteriormente, negar uma só palavra do que disse. Segundo Fernandes, “o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz que ‘nunca soube de espionagem da CIA’ no Brasil. O governo atual cobra explicações dos Estados Unidos”.
“Vamos aos fatos. Entre março de 1999 e abril de 2004, publiquei 15 longas e detalhadas reportagens na revista CartaCapital. Documentos, nomes, endereços, histórias provavam como os Estados Unidos espionavam o Brasil.Documentos bancários mostravam como, no governo FHC, a DEA, agência norte-americana de combate ao tráfico de drogas, pagava operações da Polícia Federal. Chegava inclusive a depositar na conta de delegados. Porque aquele era um tempo em que a PF não tinha orçamento para bancar todas operações e a DEA bancava as de maiores dimensão e urgência”, garante Fernandes.
Ainda segundo o jornalista, o mínimo de “16 serviços secretos dos EUA operavam no Brasil. Às segundas-feiras, essas agências realizavam a ‘Reunião da Nação’, na embaixada, em Brasília”.
Bob Fernandes, que foi redator-chefe de CartaCapital, trabalhou nas revistas IstoÉ (BSB e EUA) eVeja, foi repórter da Folha de S.Paulo e do Jornal do Brasil, afirma ainda que “tudo isso foi revelado com riqueza de detalhes: datas, nomes, endereços, documentos, fatos. Em abril de 2004, com a reportagem de capa, publicamos os nomes daqueles que, disfarçados de diplomatas, como é habitual, chefiavam CIA, DEA, NSA e demais agências no Brasil. Vicente Chellotti, diretor da PF, caiu depois da reportagem de capa Os Porões do Brasil, de 3 de março de 1999. Isso no governo de FHC, que agora, na sua página no Facerbook, disse desconhecer ações da CIA no país”.
"Fonte-Correio do Brasil


http://domrocha.tumblr.com/post/75392617626/livro-que-relata-envolvimento-de-fhc-com-a-cia-esgota#.Uwt8ZoWlets

domingo, 3 de novembro de 2013

Pedagogia do Suprimido. Zeh Gustavo


A poesia pulsante e desconfortadora de “Pedagogia do Suprimido”
por Luciana Crespo Dutra


Há muitas razões para que uma leitura seja considerada agradável e um sem-número de motivos para que seja tida como instigante, desconcertante, desassossegadora. E aí está o maior mérito de “Pedagogia do Suprimido”, obra de Zeh Gustavo, publicada recentemente pela Editora Verve, do Rio de Janeiro.

Em meio a um panorama desumanizante em que, nas sociedades contemporâneas, os indivíduos se deixam consumir pelo mercado e se autoaniquilam, perdendo a própria identidade, surge uma escrita singular, transgressora, tematizando o cotidiano de sujeitos que, deslumbrados pelas facilidades advindas da modernidade e de uma educação midiática emburrecedora, acabam por suprimir a si próprios. Trata-se da escrita de Zeh Gustavo, marcada por um lirismo árduo, que se vale de fragmentos da memória, para dar forma a uma poesia pulsante e engajada, no sentido íntegro da palavra.

Com alusão direta a Paulo Freire, “Pedagogia do Suprimido” provoca questionamentos em relação à formação dos indivíduos e traça uma radiografia poética de um momento histórico infecundo, entorpecido e dopado por um consumismo desenfreado e por uma educação repleta de falhas em que estamos inseridos e contra a qual precisamos nos rebelar para que não sejamos igualmente extinguidos.

Fruto também de uma oportuna formação fracassada, latente na própria obra, o autor surge com sua linguagem própria e um estilo único, repleto de experiências sinestésicas, fazendo um uso peculiar do léxico e da estrutura sintática, e se valendo, com destreza, de neologismos necessários para garantir a autonomia de seus pontos de vistas e a produção de sentido de seu discurso libertador e libertário.

Em diálogo constante com a arte e ciente do seu potencial criativo, o poeta dá novo fôlego a ideais de humanidade cada vez mais esquecidos, ao entoar seus poemas com um timbre particular, dando voz a sujeitos que, por motivos vários, tiveram suas cordas vocais suturadas.

(*) Luciana Crespo Dutra – Carioca, radicada em São Luiz Gonzaga; colaboradora do Jornal A Notícia; professora e revisora de textos; pós-graduada pela UERJ, com Especialização em Língua Portuguesa; bacharela e licenciada em LETRAS (Português/Literaturas), formada pela UFRJ.  

Fonte: A Notícia (São Luiz Gonzaga, RS, 14/10/2013).

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Cinquenta tons de cinza. E L James


Você Já Leu 50 Tons de Cinza?


Bom dia gente, tudo bem com vocês? Mais um post da Helô do delarosa.com.br e o assunto de hoje tem a ver com aquele objetivo de fazer do Brasil um país de leitores, afinal parece que de tempos em tempos a ideia dá certo e todo mundo começa a ler um livro… Estranho.


Eu não gosto muito de ler ficção, sou uma leitora bem ativa, mas normalmente me atenho aos corredores de política, economia, biografia e gastronomia, já que eu sou uma pentelha que gosta de praticar a vida real 100% do meu tempo livre. Mas na época que eu trabalhei em livraria, aprendi que livro algum faz mal e quanto mais a gente puder ler, melhor! Então sempre que esses livros surgem quase que do nada e conquistam públicos tão gigantes, que eu acabo lendo pra saber qual é. Foi assim com a saga Crepúsculo (não me crucifiquem), foi assim com as verdades politicamente incorretas e não poderia ser diferente com Fifty Shades of Grey, primeiro volume de uma trilogia, que chegou em português às livrarias no dia 1º de agosto, com o título 50 Tons de Cinza e pela editora Intrínseca (que sempre foi minha editora favorita).


O livro da moda é a estreia literária da inglesa E L James — uma ex-executiva da TV londrina, mãe de dois filhos adolescentes, aparentemente inofensiva e recentemente eleita uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time —, a trilogia teve direitos de publicação adquiridos por 37 países em leilões disputadíssimos. Os livros Cinquenta tons de cinza, Cinquenta tons mais escuros e Cinquenta tons de liberdade serão adaptados para o cinema pela Focus Features, da Universal Pictures — os direitos foram comprados por um valor recorde de US$5 milhões e a Emma Watson é uma das possíveis atrizes para interpretar a mocinha da trama. Quando eu tive contato com os números pela primeira vez, achei que fosse alguma coisa sobre uma nova criatura, afinal vampiros já caíram na monotonia e a vida real parece não ganhar mais o coração de jovens adultos, como antes, porém para o meu choque e desespero a trilogia trata apenas de… Sexo e sadomasoquismo.


A estorinha narra a relação entre uma recatada jovem de 22 anos que acaba de se formar na faculboate e um enigmático (e maluco) empresário. Estimulada a desafiar seus limites e preconceitos, Anastasia Steele contrapõe a irresistível atração que sente por Christian Grey — um bilionário muito charmoso, brilhante e, ao mesmo tempo, intimidante — às singulares exigências sexuais que ele impõe, a começar por um contrato assinado que permite a Grey o controle completo de sua vida. Acho lei Maria da Penha! É tão engraçado pensar que as revistinhas Sabrina existem há décadas e agora pagam 5 milhões de dólares para lançar um filme cujo roteiro é tão parecido hahahahaha.


Agora vamos aquela parte que não interessa tanto, mas é o que faz a internet acontecer: opiniões pessoais! Ví no Twitter que a Kah está detestando o livro e comigo não foi muito diferente. Assumo que provavelmente irei acabar de ler a trilogia inteira porque não tenho mais nada pra fazer, mas vale ressaltar também que caso me convidem para encher bexigas de uma festa infantil, essa atividade substituirá tranquilamente a leitura da série. Eu não tenho interesse em ler a experiência sadomasoquista alheia e tampouco deixaria minha filha adolescente ler, mas cabe a você mamãe e adolescente dona do próprio nariz, decidir o que prefere. Não tem nada de errado, de anormal ou de tabu em fazer sexo com um homem mais velho e milionário em meio a correntes e outros objetos esquisitos, ninguém vai julgar você. Só me espanta a quantia de pessoas que estão interessadas por isso nesse exato minuto e que consideram este o assunto mais legal das suas vidas no ano de 2012. Gosto de livros que me ensinem coisas e, por mais que o mocinho da história tenha tido problemas na infância para agir de forma tão tirana com a mocinha, não acredito que a lição de vida contida vale a leitura. Leia apenas se você quiser… Levitar em uma nuvem de paixão tórrida, digamos assim rs.


Eu sou muito tradicional no que diz respeito a esses assuntos, o mais perto que eu deixo uma festa fetichista chegar da minha casa é no episódio de A Liga e mesmo assim se eu estivesse na casa da minha mãe, com meu irmão pequeno, não assistiria hahahahaha. Porém talvez você esteja solteira, ocupada demais para flertar ou de férias num iceberg, nesse caso a leitura da trilogia 50 Tons de Cinza é mais do que recomendada para passar o tempo, aquecer o coração e ficar viajando sobre como você gostaria que estivesse a sua vida sexual ultimamente (ou não). Mas não se engane: se o que você realmente quer é literatura erótica, leia Mario Vargas Llosa, além de ser mais interessante e sedutor já ganhou prêmio Nobel.


Claro que tudo isso é a minha opinião, estou apenas contanto como foi a minha experiência com o livro e toda a repercussão que ele teve. E se você ficou curiosa, vá em frente, compre e leia, porque milhares de garotas já me falaram que adoraram e não tiro o crédito delas, afinal não dá pra negar quando uma autora realiza um feito editorial do tamanho desses: ela tá de parabéns! Nos Estados Unidos, os resultados de venda já são tão eletrizantes quanto a narrativa do thriller romântico de E L James: é a primeira escritora da história a ter três de seus livros com vendas superiores a 100 mil cópias em uma mesma semana. Desde março sua apimentada trilogia já acumulou 31 milhões de exemplares vendidos apenas em língua inglesa, número que faz da série um dos maiores best-sellers de todos os tempos. Aqui no Brasil, o primeiro volume já é encontrado em todas as livrarias e os dois próximos já estão em pré-venda. Para mais informações, vale a pena entrar no site da Intrínseca.


E você: já leu, vai ler, quer ler, quer correr para um planeta distante? 

Hahahaha, beijo e até semana que vem
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Nota da Kah: Eu estou na metade do primeiro livro, comprei o box em inglês com os 3 livros. Até agora, concordo em com cada palavra da Helo e da Tati(vou postar o vídeo dela abaixo) em gênero e grau.


A linguagem do livro é adolescente, e o conteúdo adulto. Eu achei que houve uma divergência muito grande, tipo você que é mais crescida, não vai gostar da enrolação do livro e de todo o mimimi amo não amo, quero não quero, recebi um email dos meus pais, liguei para minha mãe ela disse isso e aquilo. Você que é mais nova vai achar o livro pesado, porque as coisas acontecem assim OI ACONTECEU e você fica pensando WTF?! Como eles chegaram aqui?


Estou tentando de verdade continuar a ler o livro até o final, estou na parte do: “Oi quer ter um relacionamento comigo? Assina um contrato então”. Mas até agora eu não estou gostando mesmo. O comecinho é legal até, mas realmente enrola demais. Eu acho que ela enrola nas partes erradas sabe?


Enfim, se eu terminar de ler os 3 livros vou gravar um vídeo falando sobre isso! :)


Em: 23/08/2012
Postado por Heloisa
Fonte:  http://eaibeleza.com/2012/08/voce-ja-leu-50-tons-de-cinza/