domingo, 19 de junho de 2011

O atelier silencioso. David Douglas Duncan

Este álbum de fotografias de David Douglas Duncan completa um trabalho desenvolvido ao longo de vinte anos, uma série de estudos intimistas sobre uma personagem quase legendária da qual David Douglas Duncan era vizinho:  Picasso. O atelier silencioso é a continuidade de obras anteriores: The private world of Pablo Picasso, 1957-58, Picasso’s Picassos, 1961, e Goodbye Picasso, 1974.
O atelier silencioso constitui um tour de force fotográfico não há legendas através do qual Duncan nos leva a visitar pessoalmente o atelier-residência de Picasso em Mougins, na Côte d’Azur. Nenhum outro fotógrafo foi autorizado a penetrar nos cômodos do artista, que foram fechados após sua morte. Duncan também foi o único a fotografar Jacqueline Picasso desde então. (Os herdeiros de Picasso e o governo francês solicitaram a David essa documentação de Notre-Dame de Vie.) Como o autor observa no prefácio, o atelier silencioso de Picasso representa seu último auto-retrato.
O atelier silencioso compreende todas as telas que Pablo Picasso pintou de Jacqueline e com as quais a presenteou. Entre essas obras, pela primeira vez reunidas neste álbum —, encontra-se sem dúvida o retrato mais obsedante do século XX. Nenhum testemunho comparável apareceu, após a sua morte, sobre o atelier dos outros “grandes” da arte contemporânea: Van Gogh, Cézanne, Klee, Matisse, Giacometti, Braque. A amizade de Duncan por Pablo e Jacqueline brilha em cada uma das fotos do álbum, que representa, acima de tudo, a epopéia de um amor narrada em linguagem pictural.

David Douglas Duncan é jornalista e fotógrafo. Seu cargo de correspondente de guerra e sua paixão pela arte conduziram-no a freqüentes viagens pelo mundo. Como fuzileiro naval dos Estados Unidos e depois fotógrafo da revista Life, enfrentou diversas vezes a onda de violência que sacudiu o mundo nos últimos trinta e cinco anos. Nesse tempo, fotografou assuntos tão diversos como os tesouros do Kremlim, a captura de uma lula gigante nas costas da América do Sul, a migração das tribos nômades Qasqhai do Irã, novos aspectos de Paris vista através de um aparelho prismático, as convenções presidenciais de Miami Beach e Chicago, que polarizaram os movimentos de protesto da juventude contra as tradições políticas norte-americanas, mais a vida e a obra de seu amigo e vizinho Pablo Picasso, com sua mulher Jacqueline, em suas residências-atelier do Midi da França.
A qualidade alcançada na edição brasileira de O atelier silencioso tornou-se possível graças ao seu lançamento como parte de uma co-edição simultânea para diversos países e diretamente supervisionada pelo autor. O alto padrão artístico e técnico das fotos de Duncan encontrou essa resposta qualitativa na gráfica Braun, de Mulhouse, na França, onde foi impressa a obra. A Braun, trabalhando há mais de um século em colaboração com museus, editoras e colecionadores particulares, adquiriu a reputação de a mais séria oficina de heliogravura e reprodução de obras de arte de nosso tempo. Por esse motivo foi a escolhida pelo autor para a execução deste trabalho, resultado final da estreita cooperação entre Duncan e essa gráfica européia.
O atelier silencioso é ainda uma das mais importantes obras fotografadas, escritas, paginadas e publicadas pelo autor, tendo participado da primeira exposição consagrada a um só fotógrafo no Museu Whitney de Arte Americana.
David Douglas Duncan






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