sábado, 26 de março de 2011

O macaco ornamental. Luís Henrique Pellanda

Por Adriano Mello Costa, do seu blogue Coisa Pop.

"Não gosto muito de levar em consideração aqueles depoimentos sobre o livro que ficam na contracapa. Na grande maioria das vezes, as afirmações passam bem longe do conteúdo. No entanto, no livro de estréia do curitibano Luís Henrique Pellanda, acabei me rendendo nesse sentido. A contracapa traz observações de Moacyr Scliar, Fabrício Carpinejar e Luiz Ruffato. Os três não poderiam estar errados, acreditei. A aposta se mostrou bem feita.

Luís Henrique Pellanda nasceu em 1973 e entre outras coisas é jornalista, escritor e músico (participou da banda Woyzeck). “O Macaco Ornamental” é seu primeiro livro, lançado em 2009 pela Editora Bertrand Brasil com 192 páginas. Nele apresenta 14 contos, onde demonstra uma narrativa interessante, repleta de bastante energia. Seus contos abrangem as aspirações e dúvidas do ser humano, tendo o amor (sempre ele) como justificativa ou pretensão.

Em contos como o que dá nome ao livro e “Ingratidão”, atinge o leitor como um chute forte nas partes baixas. É como uma canção punk dos anos 70 com menos de 2 minutos repleta de sujeira e letra raivosa. É nesse ponto que se sobressai mais. Suas histórias curtas conseguem arriscar mais do que quando se alonga demais. Em “Caldônia Beach”, o mais longo de todos, roda em círculos e por mais que construa bem a narrativa, não consegue se sobressair.

Outros exemplos se apresentam. Em “Ursa” esbanja violência digna de um roteiro para Tarantino filmar. “Amigo vivo, amigo morto” fica passeando no limiar de um texto romântico, mas é a solidão que toma abruptamente conta no final. Curto, simples e direto. Em “Embaixadores de Xanadu” entra de cabeça no carnaval e nas crenças populares, refletindo bem o papel que estes têm nas vidas das pessoas, às vezes até de modo absurdo.

Em “O Macaco Ornamental”, Luís Henrique Pellanda mostra um olhar diferenciado sobre o ser humano e a forma em que vivemos (ou sobrevivemos). A epígrafe do livro, uma frase de Thomas Mann, extraída de “A Montanha Mágica”, dá bem o tom da obra: “Será que também da festa universal da morte, da perniciosa febre ao nosso redor inflama o céu desta noite chuvosa, surgirá um dia o amor?” “O Macaco Ornamental” faz pensar se surgirá."


Sobre o autor:

Luís Henrique Pellanda é escritor, jornalista, dramaturgo, roteirista e músico. Cronista e coeditor do site Vida Breve (www.vidabreve.com), também atua como colunista do jornal literário Rascunho (www.rascunho.com.br), onde assina a seção de entrevistas “Leituras Cruzadas”. É autor do livro de contos O macaco ornamental, editado pela Bertrand Brasil. Nasceu em 1973, em Curitiba (PR), onde vive.
 

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