segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Sete de setembro - Independência ou tornado? Airton Fontana

Foto de Alan Marcel Castaman
Consequência das mudanças climáticas no planeta ou não, o fato é que o fenômeno ocorrido em 07/09/2009, na região do extremo-oeste catarinense, foi realmente um tornado, uma catástrofe, que resultou na morte de várias pessoas, com dezenas de feridos e desabrigados. 

Especialistas chegaram a caracterizar o tornado que atingiu mais drasticamente o município de Guaraciaba, como um F4, dentro da escala Fujita, que vai até F5. Os ventos teriam chegado a 350 km/h. Há relatos de que veículos foram jogados a dezenas de metros, casas de alvenaria simplesmente sumiram, árvores adultas retorcidas como gravetos, vacas e porcos  mortos  ao serem jogados pro ar, aviários destruídos e até açudes foram sugados. 

Mas o livro do historiador Airton Fontana prima pelo registro de um documento histórico, fugindo do sensacionalismo, e trata do drama das famílias desabrigadas e o esforço da comunidade no socorro e na reconstrução da área atingida. Com depoimentos dramáticos de pessoas que testemunharam o fenômeno, com fotos da destruição e a ação da sociedade em ajudar os atingidos, que contou com todos os municípios da regição.

O livro, com 168 páginas, traz depoimentos fortes, com fotos e registro da reconstrução da região atingida. O autor é Mestre em Educação e professor universitário.

A seguir a transcrição da Introdução do livro:

"Este livro pretende descrever parte da história vivida pelo município de Guaraciaba, especialmente das famílias atingidas pela passagem de um tornado no dia 7 de setembro de 2009.
O texto estrutura-se em três seções, além da introdução. Primeiramente, apresentam-se referenciais, explicações teóricas, técnicas sobre a formação e características do tornado. Na segunda seção, descrevem-se as histórias de vida de famílias entre tantas que viveram momentos marcantes e, certamente, fortes o suficiente para ficarem marcados na memória histórica. Essas histórias de vida foram em parte vivenciadas, observadas e pesquisadas a partir de entrevistas e conversas com famílias pertencentes a diferentes comunidades atingidas pelo tornado desde o momento em que o tornado passou até os primeiros dias de reconstrução e reabilitação das famílias e suas propriedades.
Em terceiro momento, relatam-se o processo de reação das famílias e a participação da sociedade nesse processo. Destacam-se o aspecto de solidariedade e o trabalho social voluntário de milhares de pessoas, pois, somente nos primeiros 60 dias de reconstrução, mais de cinco mil pessoas de outros 38 municípios da região, contabilizados pela coordenação, participaram com trabalhos de limpeza e reabilitação.
Foram dezenas de entidades, empresas que, somadas aos governos municipal, estadual e federal, auxiliaram com trabalhos, doações em dinheiro, roupas, água, alimentos e materiais de construção.
Com relatos, informações, observações in loco, acompanharam-se momentos de empenho dos familiares e sociedade na busca pela superação. Para melhor compreender, sentir e refletir a respeito dos dados, depoimentos, ações e histórias de vida, ilustram-se as imagens que retratam desde os primeiros momentos pós-tornado, como estradas interrompidas, casas e outras instalações danificadas até o momento de reação, seja com limpezas de entulhos, seja com a própria construção das benfeitorias.
Das pessoas atingidas, escolheram-se 25 famílias para ilustrar este trabalho; entende-se ser um número suficiente para representar as histórias de vida vivenciadas nesse processo. Foram entrevistadas 35 pessoas, sabendo que mais de seis mil pessoas participaram nos trabalhos de reabilitação, com um ou mais dias de serviço voluntário ou de servidores públicos.
A falta de referenciais foi uma limitação deste trabalho. O que se apresenta de forma sucinta são as características e os elementos naturais formadores do tornado, destacando-se a pressão atmosférica, latitude, relevo, altitude e temperatura do ar.
As fotografias apresentadas constituem contribuições significativas de muitas pessoas e entidades; uma vez arquivadas, serão muito úteis à história do fenômeno destacado.
Acredita-se que a obra contribua com a história do município, especialmente com o registro de algumas informações e análises, evitando, assim, que algumas delas sejam esquecidas.
O autor sente-se na responsabilidade de contribuir com esse trabalho, pela oportunidade que a sociedade de Guaraciaba proporcionou em participar de forma ativa em sua história. Pensa ser uma maneira, inclusive, de reconhecer e valorizar o sofrimento, a resistência, a luta diante das adversidades severas da natureza.
Destaca-se a contribuição fundamental de pessoas e entidades na elaboração deste texto, na colaboração de informações, fotografias e na participação em geral." (in Introdução, p. 21/22)

A seguir, fotos retiradas no site "De olho no tempo":




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